segunda-feira, 26 de abril de 2010

Videoclipe, estética e linguagem: sua influência na sociedade contemporânea

Compactado do Original: http://www.iscafaculdades.com.br/nucom/PDF/ed12_artigo_juliano.pdf


O homem, a comunicação e a tecnologia


O ser humano, como ser social, teve que desenvolver suas habilidades de comunicação para se relacionar com seus semelhantes. Por comunicação se entende o processo onde há troca de informações entre sujeitos ou objetos, utilizando sistemas simbólicos como suporte para esse fim.

Pegue-se como exemplo duas pessoas conversando frente a frente, ou através de mímica, ou por intermédio de um programa de mensagens instantâneas como o MSN, entre uma infinidade de maneiras de se comunicar.

Comunicar-se é interagir e trocar informações. E o homem, no seu processo evolutivo, desenvolveu uma série de técnicas e tecnologias para aperfeiçoar sua comunicação. Escrita, música, desenho, telégrafo, telefone, televisão, internet, entre outros, foram algumas das formas do homem se comunicar ao longo da sua evolução. Tecnologias recentes foram aprimoradas, configurando a estética do moderno para o contemporâneo, com foco nas diferentes formas de expressão. Novas tecnologias, novas linguagens, formas de expressão com forte apelo visual e sonoro, foram criadas e entre elas está o videoclipe.


O videoclipe


Um filme curto, com os elementos música, letra e imagem interagindo para provocar a produção do sentido. O que é? É um videoclipe.

E, para que ele possua sentido é necessário respeitar certos aspectos. A montagem, o ritmo, os efeitos especiais (visuais e sonoros), a iconografia, os grafismos, e os movimentos de câmera, ao se convergirem, produzem a linguagem do videoclipe.

A palavra videoclipe é uma palavra inglesa introduzida no nosso vocabulário e designa um filme curto, em suporte digital. Devido ao predomínio quase total dos vídeos musicais e publicitários na produção mundial de vídeos curtos – e porque os vídeos publicitários têm uma designação própria – durante algum tempo o videoclipe quase foi sinônimo de vídeo musical. Mas com o aparecimento da Internet de banda larga e a difusão de vídeos através dela, a palavra videoclipe tem vindo a regressar em seu sentido original: filme curto.


Estrutura e produção do Videoclipe


A produção de um videoclipe profissional se assemelha muito a de um filme longo. São necessárias gruas, refletores e continuístas espalhados por todo o espaço. Assim como no cinema, também é necessária a confecção de um roteiro, que orienta os trabalhos a serem desenvolvidos.

Muitos diretores brasileiros conseguem produzir os videoclipes a orçamentos relativamente baixos. Um clipe custa em média R$ 65.000, enquanto um comercial sai entre R$ 150.000 e R$ 500.000. A criatividade é sem dúvida a modeladora do produto.

Masson salienta que no Brasil não existe a profissão de "diretor de videoclipe". Geralmente, os que se dedicam a este ramo são publicitários e que, muitas vezes, buscam uma espécie de vitrine para o seu trabalho, já que a atividade não proporciona muito lucro, mas tem boa visibilidade – principalmente por que o diretor tem seu nome creditado logo abaixo do nome da música (2006).

Para Thiago Soares, jornalista e professor universitário, para produzir um videoclipe é preciso, primeiramente, esquecer a idéia de que tudo precisa ser bonito e esteticamente bem feito. “O lance do videoclipe é a mistura de imagens e linguagens” (2006).

O videoclipe, antes de qualquer coisa, serve para materializar a música. É uma forma de fazer com que a mensagem seja transmitida através de imagem, o que muitas vezes ajuda no entendimento da mensagem. Por isso, não há a necessidade de se ter regras exatas para produzi-lo, basta ter uma câmera na mão, a música e uma boa idéia na cabeça.

Assim como nem sempre as pessoas interpretam um quadro ou um poema da mesma forma, nem sempre é possível fazer com que todos entendam a mensagem do vídeo ou da música. A criação e produção de um videoclipe também podem ser abstratas, como na maioria das formas de arte.

Foi-se o tempo em que os videoclipes se resumiam em um simples vídeo com a banda tocando ou o vocalista com um microfone na mão. Hoje em dia eles são mais elaborados, permitindo a comparação da produção de videoclipes com a produção de cinema. Pode-se, por exemplo, contar uma história através do videoclipe, ou seja, ao se utilizar a canção (onde está a narrativa) é possível trabalhar o produto como se fosse

fazer um filme. Isso implica na confecção do roteiro, no uso de atores, argumentos e uma série de recursos utilizados no cinema, antecessor do videoclipe.


O cinema


A busca humana por uma forma de registrar o movimento pode ser comprovada por indícios históricos, como o desenho e a pintura nas paredes das cavernas que representavam os aspectos dinâmicos da natureza e da vida humana – através das figuras havia uma história, uma narrativa.

Entre várias experiências como o jogo de sombras na China, a câmara escura e a lanterna mágica, que constituem os fundamentos da ciência óptica e, portanto, torna possível a realidade cinematográfica, ao longo do século XIX, foram inúmeras as tentativas humanas para registrar e captar as imagens da vida real.

Com o desenvolvimento técnico e industrial da fotografia, fotógrafos e cientistas se interessaram particularmente pela análise do movimento em sua progressão de tempo. Este estudo seria possível pela obtenção de imagens sucessivas do mesmo corpo, o que reproduziria o movimento, retendo dessa forma as ações.

Com a criação do cinematógrafo dos irmãos Lumière – Louis e Auguste, em 1895, o cinema veio à luz. Esses industriários franceses estavam interessados no estágio da síntese efetuada pelo projetor, pois era somente aí que se podia criar uma nova modalidade de espetáculo. Isso permitia que o movimento e o tempo real se projetassem nas telas, fazendo do cinema um espetáculo e um documento e testemunho da história.

Ao congelar instantes, mesmo que bastante próximos (destaca-se que o movimento é o que se dá entre esses instantes congelados), o cinema trabalha com a ilusão do movimento. Assim, a ilusão cinematográfica opera com um movimento abstrato, uniforme e impessoal. O cinema sugere que o movimento pode ser feito de instantes estáticos. Ele nos oferece uma “imagem-movimento”, ou seja, uma imagem em que os elementos variáveis interferem um nos outros, dando a impressão de que as imagens se movimentam, quando na verdade são apenas seqüências congeladas.


As primeiras projeções e suas leituras


No princípio do cinema, os filmes eram exibidos como curiosidades ou peças de entreato nos intervalos de apresentações ao vivo em circos, feiras ou carroças. Essa maneira de difundir a arte cinematográfica permaneceria viva em zonas suburbanas ou rurais, em pequenas cidades do interior e em países economicamente atrasados até os anos 60.

Nos grandes centros urbanos dos países industrializados, a história era diferente. As exibições de filmes se concentravam em casas de espetáculos de variedades, nas quais também se podia comer, beber e dançar – eram conhecidas por music-halls na Inglaterra, café-concerts na França e vaudevilles ou smoking concerts nos Estados Unidos.

O cinema não era uma atração exclusiva, nem mesmo a principal: era apenas uma atração entre tantas outras oferecidas nos vaudevilles. A própria duração dos filmes – que duravam alguns segundos e não mais que cinco minutos – impedia sessões exclusivas nos primeiros anos do cinema. O público desses locais se constituía principalmente pelos imigrantes e pelas camadas proletárias provenientes das industrias.

Entre 1895 até meados da primeira década do século XX, os filmes produzidos eram registros dos próprios números de vaudeville, ou então contos de fadas, pornografia, truques de ilusionismo. Os filmes produzidos na época eram classificados como “paisagens”, “notícias”, “tomadas de vaudeville”, “incidentes”, “quadros mágicos” e “teasers” (eufemismo para designar a pornografia).

Foram necessários ajustes ao longo de pelo menos duas décadas de história para criar uma linguagem específica para o cinema, a criação de filmes de longa duração, entre outros aperfeiçoamentos como o som e a cor.


Surgimento do Videoclipe e o videoclipe no Brasil


Com o desenvolvimento do cinema, foi possível realizar uma série de inovações. Dentro desse contexto surgiu o videoclipe – cujas raízes estão fincadas no cinema de vanguarda de 1920. Nessa época já se tentava articular uma montagem com música e efeitos para criar um novo tipo de narrativa, própria do meio audiovisual e livre da linearidade existentes na literatura e no teatro.

Em 1930 e 1950, a chamada “Era de Ouro”, surgiram maneiras (e clichês) de como narrar cenas a partir de melodias – o que contribuiu para a linguagem audiovisual. Antes disso a imagem e a música eram sincopados na construção da narrativa.

Apesar dos musicais da época terem uma “norma” de estabelecer uma sincronia entre letra, música e coreografia, a linguagem do videoclipe foi responsável por quebrar essa regra de sintonia, dando mais liberdade para a criação.

Novas estéticas e linguagens surgiram em 1950. Elas se originaram com as vanguardas da Nouvelle Vague francesa (Godard) e o Neo-realismo italiano (Rosselini), além do cinema do degelo soviético (Tarkovski).

Entre 1960 e 70, a chamada videoarte – expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo em artes visuais – se consolidou. Um dos principais expoentes dessa corrente foi o pintor e cineasta estadunidense Andy Warhol, além de outros influenciados pela Pop Art, que promoveram forte integração com músicos (principalmente de rock) e outros artistas vanguardistas da época.

No Brasil, um dos principais representantes que auxiliou na videoarte “verdeamarela”, foi Arnaldo Antunes, poeta, músico e artista visual paulista.

Com a chegada da fita de vídeo nos anos 70 e do videocassete doméstico nos anos 80, foi possível a reprodução da experiência cinematográfica de forma íntima, residencial, privativa. Antes disso, as exibições só eram possíveis dentro de salas de exibição coletiva.

Todos esses processos foram importantes para aproximar as pessoas do que viria a ser uma linguagem jovial, atrativa e contemporânea: o videoclipe.

No ano de 1975, mais especificamente na Rede Globo, em seu programa Fantástico, surgia o primeiro clipe nacional produzido e transmitido para o Brasil de forma massiva: “América do Sul”, interpretada por Ney Matogrosso e dirigido por Nilton Travesso.

Até 1981, somente o Fantástico produzia e os exibia. Esses videoclipes eram relacionados com as músicas transmitidas nas novelas e se interligavam com os grandes artistas da época. A partir daquele ano, algumas produtoras independentes passaram a produzir videoclipes buscando se diferenciar do “Padrão Globo”, mas sem se distanciar muito dele.

Nessa mesma década surgiu na tv aberta diversos programas cujo foco era o videoclipe. Na extinta Rede Manchete era exibido o “FM-TV”. Na Record e na Gazeta eram transmitidos “Videorama” e “Clip Trip” respectivamente. Na TV Cultura era apresentado o “Som Pop”; no SBT Rio era exibido o “Realce”; na Bandeirantes o “Super Special” e na Globo, além do Fantástico, existia o “Clip Clip”.

Mas o que representou uma revolução no Brasil na questão dessa nova linguagem audiovisual, foi o surgimento da MTV brasileira, que cunhou um novo estilo para os adolescentes. Era a estética videoclipe interferindo nos costumes e hábitos nacionais.


Estética Videoclipe


A partir dos anos 80, os vídeos musicais que se desenvolveram apresentaram uma linguagem e uma estética própria, chamadas de “Estética Videoclipe”. Ela é caracterizada por uma montagem fragmentada e acelerada, com narrativa não linear, imagens curtas, justapostas e misturadas, variedade visual, riqueza de referências culturais e uma forte carga emocional nas imagens apresentadas. Todos esses elementos reunidos se transformavam num produto de impacto e de fácil absorção: o videoclipe.

O termo “Estética Videoclipe”, além de ser aplicado aos clipes musicais propriamente ditos, também se aplica a outras produções audiovisuais, que

acompanham valores da televisão musical, ilustrativa e sincronizada com sucessos da música pop. A mídia vanguardista desse seguimento é, sem dúvida, a MTV (Music Television).


Estética MTV


Nascia um fenômeno cultural no dia 1º de agosto de 1981: a MTV norteamericana (Music Television), que resultaria na criação de uma nova linguagem e estilo direcionada ao jovem. A MTV começou em Nova York e, com a expansão nacional do

cabo, tornou-se disponível para a maioria dos Estados Unidos na metade dos anos 80.

Por suas próprias produções e seleções de vídeos que fazia, difundiu e firmou novos gostos para as gerações seguintes. Diante disso, alguns autores, como o marxista estadunidense Fredric Jameson, se referem ao fenômeno como “Estética MTV”. Esta estética está fortemente ligada aos valores e às ideologias do fenômeno cultural conhecido como pós-modernidade.

No Brasil, a MTV nasceu no dia 20 de outubro de 1990. De acordo com o pesquisador Guilherme Bryan,“os videoclipes da MTV passaram a ditar o que era sucesso entre os jovens. Até os anos 80, o sucesso vinha das músicas das novelas. Já na década de 90 e hoje, se tornou possível fazer sucesso a partir de outro meio que não a Rede Globo, que é a MTV. Temos exemplos em bandas como Skank, Nação Zumbi, Planet Hemp, Pato Fu, CPM 22, Detonautas Roque Clube - grupos cujas histórias se confundem com a do videoclipe no Brasil e mais especificamente na MTV”.(apud Veríssimo, 2005)

Conforme o pesquisador, videoclipe e a MTV são essenciais para a compressão da geração dos anos 90 e da atual também. Eles representam a consolidação, no Brasil, da cultura rock’n’roll iniciada na década de 50 nos Estados Unidos.

Outro fator importante que o autor destaca é o potencial consumidor de uma nova classe: os jovens. Diante desse novo nicho, muitos produtos relacionados à estética difundida pelos videoclipes foram lançados no mercado. Entra nesse ponto a discussão sobre a indústria cultural.


Indústria Cultural e videoclipe


O fenômeno da indústria cultural – um produto da Revolução Industrial, capitalismo liberal, economia de mercado e sociedade de consumo – surge no cenário da produção cultural. A partir do século XX, os meios de comunicação de massa (como a TV e o rádio) deram as bases para a cultura de massa, que é produto da indústria cultural: a massificação da cultura, o fazer em série para grande número de pessoas.

O termo “indústria” se deve à racionalização das técnicas de distribuição, e não estritamente ao processo de produção, em que a cultura é consumida e comercializada como uma coisa qualquer. A reedificação, ou “coisificação” do homem – o valor absoluto das coisas, dos bens, acima de qualquer coisa – resulta na alienação, em que o ser humano se limita a um mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, um objeto. E os jovens, dentro dessa ótica, passaram a receber passivamente uma mensagem divulgada pelos meios de comunicação através de uma linguagem jovial, atrativa e que representava um novo estilo: o estilo MTV.

O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar: é só escolher. O sistema da indústria cultural reorienta as massas e não permite que ela saia de seu contexto, para tanto, os esquemas do comportamento são expostos incessantemente – e a massa absorve esses esquemas como que por osmose.

Portanto, o adolescente nesse contexto engoliria e reproduziria o que o meio propagasse, sem permitir uma crítica de si e da sociedade.

Os videoclipes lançam modas, sejam com fins artísticos ou comerciais, induzindo o expectador a se vestir e agir conforme sua banda preferida, a consumir os seus produtos e ter determinado estilo. Nessa ótica, poderia se afirmar que é o sistema capitalista comandando a cultura.


A influência do videoclipe


A partir dos anos 80 muitas músicas se tornaram conhecidas também em função de seus videoclipes. É difícil imaginar a música “Segredos”, do Frejat, por exemplo, sem lembrar da animação que a acompanhou. Existem muitos outros exemplos como este. Além disso, o videoclipe também popularizou formas de comportamento, desde o modo de se vestir até a maneira de se gesticular ou dançar. Imagine o que seria de Madonna e Michael Jackson sem seus respectivos videoclipes. Por isso, pode-se dizer que os videoclipes são excelentes meios para os jovens conhecerem melhor o que pensam, como se vestem e de que maneira se comportam os seus ídolos musicais.

A MTV americana ainda se constitui da exibição de videoclipes, mas sem a mesma ousadia de antes. Hoje, os clipes mais criativos, por exemplo, estão em sites como o YouTube.


Videoclipe e sua utilização na propaganda


Com a criação da MTV brasileira, abriu-se um espaço de programação dedicada a videoclipes. No começo, a MTV estava associada ao incentivo à criação de ídolos fugazes e à cultura rock. A partir da década de 90, ela modificou seu papel e começou a lançar os principais álbuns fonográficos brasileiros.

É também nessa época que a publicidade se inspira no videoclipe para divulgar produtos. Exemplo disso é a campanha da Rider, que se alimentou no gênero videoclipe para realizar suas produções.

A linguagem publicitária ia além de uma simples propaganda de chinelos. Ela foi capaz de criar uma esfera de consumo muito mais abrangente e sedutora, veiculada de uma forma atrativa e jovem. O uso do sentimento – sendo esse mais importante que a narrativa – e a utilização do formato música são características do estilo MTV. Diante dessa ótica e inspirada nesse molde, a Rider segue essa proposta em seus comerciais. As regravações trazem sempre um tom pop – vinculado ao público jovem, ao universo videoclipe e interpretadas por uma banda ou cantor que fazem sucesso no “momento”.

A música não faz menção aos chinelos, apenas se utiliza de um sentimento que é exaltado através da veiculação da imagem em sincronia com a música. Essa dose exaltada de sentimentos consegue cativar o telespectador e, portanto, atingir seu objetivo: vender uma imagem de produto interessante, atrativo e jovial.


Videoclipe como produto comercial


O videoclipe, inserido numa cultura de massa, passou a ter um grande valor e a ser utilizado como estratégia de marketing. Para que isso fosse possível ele foi transformado numa peça promocional com a função de disseminar a canção-título e promover a banda, em outras palavras: vender CDs, DVDs e outros produtos vinculados a banda.

Atualmente os videoclipes estão atrelados com as novas tecnologias. Muitas vezes eles vêm junto ao CD como faixa multimídia (enhanced CD), são exibidos na Internet (sites como www.youtube.com) e também existem coletâneas de alguns artistas em DVD que reúnem todos os videoclipes de uma banda ou de um cantor.

O objetivo é bem claro: promover a música. Mas, ainda de acordo com Bryan, não justifica dizer que os videoclipes são um produto ruim só por terem caráter

comercial. O bom videoclipe é aquele que consegue fazer com que a canção fique mais interessante e que leve o telespectador a se interessar pelo CD. Afinal, desde que existe a tal “indústria cultural”, o que não é comercial?


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Mais do que a junção de imagem, música e letra, o videoclipe representou uma nova forma de linguagem. Conseguiu, por meio de uma linguagem jovial e atrativa, influenciar toda uma geração. Ele também é responsável pela movimentação financeira no que diz respeito à produção cultural pós-moderna. Esse mecanismo audiovisual influencia e direciona pessoas no modo de consumir, de se vestir, agir, e ter seu próprio estilo. É um meio pelo qual pessoas, principalmente os jovens, se identificam e buscam uma forma de se padronizar conforme o grupo que convivem.

Mas infelizmente, apesar do videoclipe ter forte influência na sociedade, ele é um gênero pouco estudado de acordo com o pesquisador Guilherme Bryan. Há pouca pesquisa em torno da produção e a grande dificuldade em encontrar dados sobre os videoclipes antigos.

“Para se ter uma idéia, quem foi consultado na MTV sequer sabe o diretor do primeiro videoclipe deles, Garota de Ipanema" (interpretado por Marina Lima). Tudo isso está influenciando a vida dos jovens, mas não se tem o cuidado de pesquisar e arquivar esses documentos. É um assunto esquecido quando se pensa em produção audiovisual brasileira”. (BRYAN, 2006)

A linguagem ou estética do videoclipe apresenta-se como uma forma atrativa e interessante de divulgar informações. Através da junção de imagens, sons e construções narrativas é possível, por meio dessa linguagem, fazer com que os estudantes de

comunicação social possam explorar novas formas de transmitir informações e dados de maneira a atingir adequadamente o público jovem, por exemplo.

Com o advento das tecnologias, principalmente a de sites de difusão de vídeos como Youtube, abre-se um leque muito grande para a experimentação e realização de trabalhos com essa linguagem.

Diante desse contexto, o videoclipe dá mostras que sua influência é demasiada grande na sociedade contemporânea – o que reforça a idéia de que ele deve ser usado como difusor cultural e informativo.

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