Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/uso-tecnologias-trabalhos-arte-475850.shtml
Conteúdo: Desenho - Pintura - Escultura - Colagem
 
Introdução
 Como a tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento estético? Uma  colher de pau, um lápis, um relógio de pulso ou um ônibus espacial são  tecnologias. Essas são formas que o ser humano encontrou para realizar  suas ideias e falar do que precisa. Mas nenhuma ferramenta trabalha sem a  vontade do individuo. Nenhuma tecnologia substitui o desenho, o  desígnio, o projeto. 
 
 
Na  escola, o mais importante no ensino da arte é colocar o aluno em  contato com diferentes maneiras de expressar suas ideias, para que  amplie suas capacidades comunicativas e descubra suas próprias formas de  utilizar os recursos existentes. Será no dialogo entre as linguagens,  que cada um irá se aprofundar no funcionamento das dinâmicas de  composição da imagem a partir de suas próprias necessidades expressivas.
 
É  muito importante colocar os alunos em constante estado de atenção e  reflexão sobre as formas de utilização da imagem na sociedade  contemporânea, tanto em relação àquelas produzidas com intenção  artística, como todas as que os meios de comunicação se apóiam para  passar suas mensagens.
 
As imagens que cada vez mais ganham lugar  de destaque nas mídias de massa compõem um universo de elementos que  passamos a referenciar para transmitir nossos desejos, projetos e medos.  O que vemos é uma profunda padronização do aspecto formal no arranjo  desses pedaços. Pessoas e lugares aparecem nas composições artísticas e  comerciais, como se existisse apenas um caminho de comunicação. Apenas  um padrão estético.
 
Corpos “photoshopados”, resoluções infinitas  em gigantescos outdoors, avanços técnicos na produção gráfica e,  principalmente, a velocidade de propagação das imagens fazem com que se  abram novas possibilidades de expressão e uma necessidade de estabelecer  uma educação estética que englobe estes aspectos contemporâneos de  elaboração de formas visuais.
 
É interessante levar essa discussão  para a sala de aula, apresentando aos alunos propostas de atividades  que utilizem mídias eletrônicas e/ou digitais.
 
Objetivos 
Ampliar as possibilidades expressivas e reflexivas no processo de construção da imagem contemporânea.
 
Conteúdo específico 
Colagem, fotografia, edição digital, comunicação visual e poética pessoal
 
Anos: 8º e 9º
 
Tempo necessário: 18 aulas
 
Material necessário
 Um computador com scanner e software de edição de imagens, uma câmera  digital (ou câmera de celular), uma impressora colorida, tesouras,  estiletes, cola branca, canetas diversas, um retroprojetor, papel,  transparências para impressão, canetas de retroprojetor, papeis  coloridos diversos, revistas diversas, folhetos e flyers de distribuição  gratuita, fotos antigas ou de família.
 
Desenvolvimento 
1ª etapa: coleta e reflexão (2 aulas)
 Desde o início do projeto, os alunos devem se sentir pesquisadores de  um universo visual que irá envolver tanto aspectos da linguagem plástica  como questões ligadas ao comportamento humano.
 
Na primeira aula,  você deve apresentar à classe vários tipos de imagens que costumamos  ver em nosso cotidiano, como pranchas com obras de artistas renomados,  recortes de revista, panfletos distribuídos na rua, fotos de família  etc. Se for possível, coloque todas essas imagens em um mesmo suporte,  como uma cartolina preta, por exemplo.
 
Apresente aos alunos todas as imagens e, em seguida, inicie uma discussão com as seguintes perguntas:
- Qual a diferença entre as imagens?
- O que cada uma quer comunicar?
- Como foi feita cada uma delas?
- Por quem foram feitas?
- Para que serve uma imagem?
 
Os  alunos devem expor suas opiniões livremente. É importante criar um  clima de respeito entre eles. Qualquer hipótese levantada, por mais  absurda que possa parecer, não pode ser descartada. Direcione o olhar  dos estudantes para questões formais ligadas à composição e às técnicas  utilizadas. Pergunte como cada um interpreta os diversos elementos  presentes nas imagens e como dialogam uns com os outros.
 
Depois  apresente a fonte de cada imagem e abra a discussão, levantando relações  entre como percebemos e interpretamos os estímulos visuais a nossa  volta.
 
Como tarefa para a próxima aula, peça para cada aluno  trazer pelo menos três imagens de fontes diferentes, que possam ser  utilizadas nos trabalhos em classe.
 
OBS: as fotos de família que não puderem ser recortadas podem ser copiadas ou escaneadas.
 
2ª etapa: colagem – o todo e a parte (4 aulas) 
 Toda imagem é composta de diversos elementos que, ao se agruparem,  ganham novos significados. Alguns deles são signos conhecidos e  fechados, outros apresentam simbologias de acordo com o meio e o  receptor. Uma arma de fogo sozinha nunca vai representar leveza e  carinho, por exemplo. Mas um horizonte de uma praia traz sempre ideias  diferentes dependendo de quem vê. No entanto, ao unir diferentes  elementos, transformamos o significado de cada parte, criando uma nova  relação e uma nova mensagem.
 
O objetivo desta etapa é tentar  re-significar os elementos presentes em diferentes imagens, recortando  cada pedaço das figuras trazidas pelos alunos (você também deve  providenciar outras fontes para aqueles que precisarem de mais formas). A  ideia é que cada aluno construa uma nova imagem relacionada à sua  personalidade, aos seus desejos e medos. O estudante poderá fazer a  colagem dos elementos em um novo suporte ou em um fundo com outra  imagem. Nesta fase, apresente técnicas de recorte com tesoura e estilete  para garantir uma boa utilização das imagens. Se possível, crie um  banco de elementos visuais que podem ser separados em pequenas caixas ou  pastas para servirem de referência e de recurso gráfico.
 
3ª etapa: digitalizando e manipulando (4 aulas) 
Nesta fase, cada aluno irá digitalizar a montagem de sua imagem. Eles deverão fotografá-las ou escaneá-las no computador.
 
Os  assistentes do computador para este tipo de trabalho variam de acordo  com suas configurações. Cabe a você explorar o software previamente a  fim de se familiarizar com os procedimentos técnicos. De maneira geral,  esses programas são bem simples e é possível descobrir muitas  possibilidades explorando suas opções. O mais relevante é indicar como  procedimento básico a resolução em que será fotografada ou escaneada a  imagem. No caso de foto, o arquivo deve ter no mínimo 3 megabytes e no  scanner, 300dpi.
 
Salve os arquivos em uma pasta do computador. Em  seguida, os alunos deverão abri-los em um software de edição de imagem  (pode ser comprado, mas há versões gratuitas na internet). Os estudantes  poderão explorar as seguintes ferramentas:
 
1) Imagem.  Todo software de edição digital possui em sua barra de ferramentas um  item referente aos ajustes básicos. Aqui é possível explorar variações  de contraste, brilho, cor, saturação, recursos de solarização e inversão  de tonalidades. É um bom exercício de exploração, em que o aluno poderá  estabelecer um contato direto com a estrutura da linguagem visual,  exercitando sua própria poética.
 
2) Efeitos.  Dependendo do software usado, o numero de efeitos disponíveis pode  variar. Neste momento, é importante que o aluno reflita sobre a  comunicação da mensagem da imagem. Explore principalmente as variações  que cada efeito terá na linguagem visual, como profundidade, brilho,  figura, fundo e equilíbrio.
 
Camadas. A grande  maioria dos softwares de edição de imagem trabalha com o conceito de  camadas (layers). É como imaginar diversas folhas de transparência em  que cada uma está em uma parte do desenho, com uma cor ou um elemento.  Sobrepostas elas constituem a imagem inteira. Ao vê-las separadamente,  podemos manipular cada camada. Ao inserir algum novo recurso na imagem,  você poderá abrir uma nova camada, assim será possível corrigir erros e  terá mais liberdade na composição dos projetos.
 
Se você conhecer  bem o software, use outros recursos. Experimente. Reserve um tempo longo  para que cada aluno possa cometer erros que serão os caminhos de sua  própria aprendizagem nas técnicas do software e ganhe assim confiança  para explorar novos recursos.
 
4ª etapa: imprimindo e interferindo (3 aulas)
Depois  da etapa de exploração dos recursos básicos do software, cada aluno  deverá definir uma imagem a ser impressa. Se a escola tiver papéis com  uma gramatura alta, as possibilidades de intervenção serão maiores. Este  tipo de papel aguenta tinta e outros materiais a base de água. Mas é  possível também utilizar papel sulfite.
 
Cada um deve imprimir uma  ou mais cópias do seu arquivo e, a partir daí, pode realizar  intervenções com canetas, papeis e outros materiais para elaborar a sua  imagem. Neste momento, é importante organizar uma aula apenas para fruir  os trabalhos em grupo, onde cada estudante devera relatar ao grupo seus  caminhos, suas dificuldades e descobertas. Veja aqui algumas perguntas  para inicia a conversa com a classe:
 
O que você quer dizer com esta imagem?
O que utilizou para passar essa mensagem?
Como uma cor ou uma forma podem passar uma mensagem?
No que o computador pôde contribuir para sua composição?
Como as outras ferramentas que você utilizou puderam contribuir?
 
5ª etapa: finalizando os trabalhos (2 aulas) 
 Nesta etapa do projeto, cada aluno devera digitalizar sua imagem  novamente na maior resolução que o equipamento da escola suportar. Serão  feitos ajustes necessários para a finalização das imagens. Há dois  caminhos para encerrar o projeto:
 
1) Imprima o arquivo final em um papel de transparência especial para impressão.
2) Vá para a 7ª etapa: avaliação.
 
6ª etapa: projetando e ampliando (2 aulas) 
 Esta etapa é uma possibilidade de interação lúdica e corporal com a  imagem produzida, tendo um olhar diferenciado, com outra perspectiva  para cada composição. Em uma sala parcialmente escurecida, use um  retroprojetor para que cada aluno possa colocar sua transparência e  visualizar sua imagem em outra dimensão. Os alunos podem sobrepor suas  transparências, criando assim novas imagens que servirão de material  para novas reflexões. O professor pode tirar fotos destas explorações ou  também colocar um papel preso na parede em que esta sendo projetada a  imagem. Assim podem ser criados trabalhos em grandes dimensões,  desenhando os limites projetados pelo retroprojetor. O professor pode  ainda ter um pequeno acervo de ícones e imagens em transparência para  provocar intervenções e discussões sobre a construção e a composição da  imagem contemporânea.
 
Avaliação 
 É muito importante que o professor acompanhe e avalie individualmente  cada aluno ao longo do processo, observando, registrando e intervindo  com ações que ofereçam à classe recursos para a conscientização dos  processos criativos.
 
No final do projeto, peça aos alunos para  formarem uma grande roda, onde cada um deve, por breve tempo, expor os  seus trabalhos e apresentar para a turma suas expectativas e uma  autoavaliação de seu desenvolvimento na proposta.
 
As questões abaixo são algumas sugestões para a avaliação:
 
1) Sua idéia inicial foi alcançada?
2) Como cada ferramenta contribuiu para a concretização de suas ideias?
3) Como se formam as imagens?
4) Como se juntam as imagens?
5) Para que serve uma imagem?
6) Como você vê a forma em que as imagens são utilizadas nos dias de hoje?
7) Existe uma forma ideal?
8) Existe uma imagem real?