segunda-feira, 26 de abril de 2010

Videoclipe, estética e linguagem: sua influência na sociedade contemporânea

Compactado do Original: http://www.iscafaculdades.com.br/nucom/PDF/ed12_artigo_juliano.pdf


O homem, a comunicação e a tecnologia


O ser humano, como ser social, teve que desenvolver suas habilidades de comunicação para se relacionar com seus semelhantes. Por comunicação se entende o processo onde há troca de informações entre sujeitos ou objetos, utilizando sistemas simbólicos como suporte para esse fim.

Pegue-se como exemplo duas pessoas conversando frente a frente, ou através de mímica, ou por intermédio de um programa de mensagens instantâneas como o MSN, entre uma infinidade de maneiras de se comunicar.

Comunicar-se é interagir e trocar informações. E o homem, no seu processo evolutivo, desenvolveu uma série de técnicas e tecnologias para aperfeiçoar sua comunicação. Escrita, música, desenho, telégrafo, telefone, televisão, internet, entre outros, foram algumas das formas do homem se comunicar ao longo da sua evolução. Tecnologias recentes foram aprimoradas, configurando a estética do moderno para o contemporâneo, com foco nas diferentes formas de expressão. Novas tecnologias, novas linguagens, formas de expressão com forte apelo visual e sonoro, foram criadas e entre elas está o videoclipe.


O videoclipe


Um filme curto, com os elementos música, letra e imagem interagindo para provocar a produção do sentido. O que é? É um videoclipe.

E, para que ele possua sentido é necessário respeitar certos aspectos. A montagem, o ritmo, os efeitos especiais (visuais e sonoros), a iconografia, os grafismos, e os movimentos de câmera, ao se convergirem, produzem a linguagem do videoclipe.

A palavra videoclipe é uma palavra inglesa introduzida no nosso vocabulário e designa um filme curto, em suporte digital. Devido ao predomínio quase total dos vídeos musicais e publicitários na produção mundial de vídeos curtos – e porque os vídeos publicitários têm uma designação própria – durante algum tempo o videoclipe quase foi sinônimo de vídeo musical. Mas com o aparecimento da Internet de banda larga e a difusão de vídeos através dela, a palavra videoclipe tem vindo a regressar em seu sentido original: filme curto.


Estrutura e produção do Videoclipe


A produção de um videoclipe profissional se assemelha muito a de um filme longo. São necessárias gruas, refletores e continuístas espalhados por todo o espaço. Assim como no cinema, também é necessária a confecção de um roteiro, que orienta os trabalhos a serem desenvolvidos.

Muitos diretores brasileiros conseguem produzir os videoclipes a orçamentos relativamente baixos. Um clipe custa em média R$ 65.000, enquanto um comercial sai entre R$ 150.000 e R$ 500.000. A criatividade é sem dúvida a modeladora do produto.

Masson salienta que no Brasil não existe a profissão de "diretor de videoclipe". Geralmente, os que se dedicam a este ramo são publicitários e que, muitas vezes, buscam uma espécie de vitrine para o seu trabalho, já que a atividade não proporciona muito lucro, mas tem boa visibilidade – principalmente por que o diretor tem seu nome creditado logo abaixo do nome da música (2006).

Para Thiago Soares, jornalista e professor universitário, para produzir um videoclipe é preciso, primeiramente, esquecer a idéia de que tudo precisa ser bonito e esteticamente bem feito. “O lance do videoclipe é a mistura de imagens e linguagens” (2006).

O videoclipe, antes de qualquer coisa, serve para materializar a música. É uma forma de fazer com que a mensagem seja transmitida através de imagem, o que muitas vezes ajuda no entendimento da mensagem. Por isso, não há a necessidade de se ter regras exatas para produzi-lo, basta ter uma câmera na mão, a música e uma boa idéia na cabeça.

Assim como nem sempre as pessoas interpretam um quadro ou um poema da mesma forma, nem sempre é possível fazer com que todos entendam a mensagem do vídeo ou da música. A criação e produção de um videoclipe também podem ser abstratas, como na maioria das formas de arte.

Foi-se o tempo em que os videoclipes se resumiam em um simples vídeo com a banda tocando ou o vocalista com um microfone na mão. Hoje em dia eles são mais elaborados, permitindo a comparação da produção de videoclipes com a produção de cinema. Pode-se, por exemplo, contar uma história através do videoclipe, ou seja, ao se utilizar a canção (onde está a narrativa) é possível trabalhar o produto como se fosse

fazer um filme. Isso implica na confecção do roteiro, no uso de atores, argumentos e uma série de recursos utilizados no cinema, antecessor do videoclipe.


O cinema


A busca humana por uma forma de registrar o movimento pode ser comprovada por indícios históricos, como o desenho e a pintura nas paredes das cavernas que representavam os aspectos dinâmicos da natureza e da vida humana – através das figuras havia uma história, uma narrativa.

Entre várias experiências como o jogo de sombras na China, a câmara escura e a lanterna mágica, que constituem os fundamentos da ciência óptica e, portanto, torna possível a realidade cinematográfica, ao longo do século XIX, foram inúmeras as tentativas humanas para registrar e captar as imagens da vida real.

Com o desenvolvimento técnico e industrial da fotografia, fotógrafos e cientistas se interessaram particularmente pela análise do movimento em sua progressão de tempo. Este estudo seria possível pela obtenção de imagens sucessivas do mesmo corpo, o que reproduziria o movimento, retendo dessa forma as ações.

Com a criação do cinematógrafo dos irmãos Lumière – Louis e Auguste, em 1895, o cinema veio à luz. Esses industriários franceses estavam interessados no estágio da síntese efetuada pelo projetor, pois era somente aí que se podia criar uma nova modalidade de espetáculo. Isso permitia que o movimento e o tempo real se projetassem nas telas, fazendo do cinema um espetáculo e um documento e testemunho da história.

Ao congelar instantes, mesmo que bastante próximos (destaca-se que o movimento é o que se dá entre esses instantes congelados), o cinema trabalha com a ilusão do movimento. Assim, a ilusão cinematográfica opera com um movimento abstrato, uniforme e impessoal. O cinema sugere que o movimento pode ser feito de instantes estáticos. Ele nos oferece uma “imagem-movimento”, ou seja, uma imagem em que os elementos variáveis interferem um nos outros, dando a impressão de que as imagens se movimentam, quando na verdade são apenas seqüências congeladas.


As primeiras projeções e suas leituras


No princípio do cinema, os filmes eram exibidos como curiosidades ou peças de entreato nos intervalos de apresentações ao vivo em circos, feiras ou carroças. Essa maneira de difundir a arte cinematográfica permaneceria viva em zonas suburbanas ou rurais, em pequenas cidades do interior e em países economicamente atrasados até os anos 60.

Nos grandes centros urbanos dos países industrializados, a história era diferente. As exibições de filmes se concentravam em casas de espetáculos de variedades, nas quais também se podia comer, beber e dançar – eram conhecidas por music-halls na Inglaterra, café-concerts na França e vaudevilles ou smoking concerts nos Estados Unidos.

O cinema não era uma atração exclusiva, nem mesmo a principal: era apenas uma atração entre tantas outras oferecidas nos vaudevilles. A própria duração dos filmes – que duravam alguns segundos e não mais que cinco minutos – impedia sessões exclusivas nos primeiros anos do cinema. O público desses locais se constituía principalmente pelos imigrantes e pelas camadas proletárias provenientes das industrias.

Entre 1895 até meados da primeira década do século XX, os filmes produzidos eram registros dos próprios números de vaudeville, ou então contos de fadas, pornografia, truques de ilusionismo. Os filmes produzidos na época eram classificados como “paisagens”, “notícias”, “tomadas de vaudeville”, “incidentes”, “quadros mágicos” e “teasers” (eufemismo para designar a pornografia).

Foram necessários ajustes ao longo de pelo menos duas décadas de história para criar uma linguagem específica para o cinema, a criação de filmes de longa duração, entre outros aperfeiçoamentos como o som e a cor.


Surgimento do Videoclipe e o videoclipe no Brasil


Com o desenvolvimento do cinema, foi possível realizar uma série de inovações. Dentro desse contexto surgiu o videoclipe – cujas raízes estão fincadas no cinema de vanguarda de 1920. Nessa época já se tentava articular uma montagem com música e efeitos para criar um novo tipo de narrativa, própria do meio audiovisual e livre da linearidade existentes na literatura e no teatro.

Em 1930 e 1950, a chamada “Era de Ouro”, surgiram maneiras (e clichês) de como narrar cenas a partir de melodias – o que contribuiu para a linguagem audiovisual. Antes disso a imagem e a música eram sincopados na construção da narrativa.

Apesar dos musicais da época terem uma “norma” de estabelecer uma sincronia entre letra, música e coreografia, a linguagem do videoclipe foi responsável por quebrar essa regra de sintonia, dando mais liberdade para a criação.

Novas estéticas e linguagens surgiram em 1950. Elas se originaram com as vanguardas da Nouvelle Vague francesa (Godard) e o Neo-realismo italiano (Rosselini), além do cinema do degelo soviético (Tarkovski).

Entre 1960 e 70, a chamada videoarte – expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo em artes visuais – se consolidou. Um dos principais expoentes dessa corrente foi o pintor e cineasta estadunidense Andy Warhol, além de outros influenciados pela Pop Art, que promoveram forte integração com músicos (principalmente de rock) e outros artistas vanguardistas da época.

No Brasil, um dos principais representantes que auxiliou na videoarte “verdeamarela”, foi Arnaldo Antunes, poeta, músico e artista visual paulista.

Com a chegada da fita de vídeo nos anos 70 e do videocassete doméstico nos anos 80, foi possível a reprodução da experiência cinematográfica de forma íntima, residencial, privativa. Antes disso, as exibições só eram possíveis dentro de salas de exibição coletiva.

Todos esses processos foram importantes para aproximar as pessoas do que viria a ser uma linguagem jovial, atrativa e contemporânea: o videoclipe.

No ano de 1975, mais especificamente na Rede Globo, em seu programa Fantástico, surgia o primeiro clipe nacional produzido e transmitido para o Brasil de forma massiva: “América do Sul”, interpretada por Ney Matogrosso e dirigido por Nilton Travesso.

Até 1981, somente o Fantástico produzia e os exibia. Esses videoclipes eram relacionados com as músicas transmitidas nas novelas e se interligavam com os grandes artistas da época. A partir daquele ano, algumas produtoras independentes passaram a produzir videoclipes buscando se diferenciar do “Padrão Globo”, mas sem se distanciar muito dele.

Nessa mesma década surgiu na tv aberta diversos programas cujo foco era o videoclipe. Na extinta Rede Manchete era exibido o “FM-TV”. Na Record e na Gazeta eram transmitidos “Videorama” e “Clip Trip” respectivamente. Na TV Cultura era apresentado o “Som Pop”; no SBT Rio era exibido o “Realce”; na Bandeirantes o “Super Special” e na Globo, além do Fantástico, existia o “Clip Clip”.

Mas o que representou uma revolução no Brasil na questão dessa nova linguagem audiovisual, foi o surgimento da MTV brasileira, que cunhou um novo estilo para os adolescentes. Era a estética videoclipe interferindo nos costumes e hábitos nacionais.


Estética Videoclipe


A partir dos anos 80, os vídeos musicais que se desenvolveram apresentaram uma linguagem e uma estética própria, chamadas de “Estética Videoclipe”. Ela é caracterizada por uma montagem fragmentada e acelerada, com narrativa não linear, imagens curtas, justapostas e misturadas, variedade visual, riqueza de referências culturais e uma forte carga emocional nas imagens apresentadas. Todos esses elementos reunidos se transformavam num produto de impacto e de fácil absorção: o videoclipe.

O termo “Estética Videoclipe”, além de ser aplicado aos clipes musicais propriamente ditos, também se aplica a outras produções audiovisuais, que

acompanham valores da televisão musical, ilustrativa e sincronizada com sucessos da música pop. A mídia vanguardista desse seguimento é, sem dúvida, a MTV (Music Television).


Estética MTV


Nascia um fenômeno cultural no dia 1º de agosto de 1981: a MTV norteamericana (Music Television), que resultaria na criação de uma nova linguagem e estilo direcionada ao jovem. A MTV começou em Nova York e, com a expansão nacional do

cabo, tornou-se disponível para a maioria dos Estados Unidos na metade dos anos 80.

Por suas próprias produções e seleções de vídeos que fazia, difundiu e firmou novos gostos para as gerações seguintes. Diante disso, alguns autores, como o marxista estadunidense Fredric Jameson, se referem ao fenômeno como “Estética MTV”. Esta estética está fortemente ligada aos valores e às ideologias do fenômeno cultural conhecido como pós-modernidade.

No Brasil, a MTV nasceu no dia 20 de outubro de 1990. De acordo com o pesquisador Guilherme Bryan,“os videoclipes da MTV passaram a ditar o que era sucesso entre os jovens. Até os anos 80, o sucesso vinha das músicas das novelas. Já na década de 90 e hoje, se tornou possível fazer sucesso a partir de outro meio que não a Rede Globo, que é a MTV. Temos exemplos em bandas como Skank, Nação Zumbi, Planet Hemp, Pato Fu, CPM 22, Detonautas Roque Clube - grupos cujas histórias se confundem com a do videoclipe no Brasil e mais especificamente na MTV”.(apud Veríssimo, 2005)

Conforme o pesquisador, videoclipe e a MTV são essenciais para a compressão da geração dos anos 90 e da atual também. Eles representam a consolidação, no Brasil, da cultura rock’n’roll iniciada na década de 50 nos Estados Unidos.

Outro fator importante que o autor destaca é o potencial consumidor de uma nova classe: os jovens. Diante desse novo nicho, muitos produtos relacionados à estética difundida pelos videoclipes foram lançados no mercado. Entra nesse ponto a discussão sobre a indústria cultural.


Indústria Cultural e videoclipe


O fenômeno da indústria cultural – um produto da Revolução Industrial, capitalismo liberal, economia de mercado e sociedade de consumo – surge no cenário da produção cultural. A partir do século XX, os meios de comunicação de massa (como a TV e o rádio) deram as bases para a cultura de massa, que é produto da indústria cultural: a massificação da cultura, o fazer em série para grande número de pessoas.

O termo “indústria” se deve à racionalização das técnicas de distribuição, e não estritamente ao processo de produção, em que a cultura é consumida e comercializada como uma coisa qualquer. A reedificação, ou “coisificação” do homem – o valor absoluto das coisas, dos bens, acima de qualquer coisa – resulta na alienação, em que o ser humano se limita a um mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, um objeto. E os jovens, dentro dessa ótica, passaram a receber passivamente uma mensagem divulgada pelos meios de comunicação através de uma linguagem jovial, atrativa e que representava um novo estilo: o estilo MTV.

O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar: é só escolher. O sistema da indústria cultural reorienta as massas e não permite que ela saia de seu contexto, para tanto, os esquemas do comportamento são expostos incessantemente – e a massa absorve esses esquemas como que por osmose.

Portanto, o adolescente nesse contexto engoliria e reproduziria o que o meio propagasse, sem permitir uma crítica de si e da sociedade.

Os videoclipes lançam modas, sejam com fins artísticos ou comerciais, induzindo o expectador a se vestir e agir conforme sua banda preferida, a consumir os seus produtos e ter determinado estilo. Nessa ótica, poderia se afirmar que é o sistema capitalista comandando a cultura.


A influência do videoclipe


A partir dos anos 80 muitas músicas se tornaram conhecidas também em função de seus videoclipes. É difícil imaginar a música “Segredos”, do Frejat, por exemplo, sem lembrar da animação que a acompanhou. Existem muitos outros exemplos como este. Além disso, o videoclipe também popularizou formas de comportamento, desde o modo de se vestir até a maneira de se gesticular ou dançar. Imagine o que seria de Madonna e Michael Jackson sem seus respectivos videoclipes. Por isso, pode-se dizer que os videoclipes são excelentes meios para os jovens conhecerem melhor o que pensam, como se vestem e de que maneira se comportam os seus ídolos musicais.

A MTV americana ainda se constitui da exibição de videoclipes, mas sem a mesma ousadia de antes. Hoje, os clipes mais criativos, por exemplo, estão em sites como o YouTube.


Videoclipe e sua utilização na propaganda


Com a criação da MTV brasileira, abriu-se um espaço de programação dedicada a videoclipes. No começo, a MTV estava associada ao incentivo à criação de ídolos fugazes e à cultura rock. A partir da década de 90, ela modificou seu papel e começou a lançar os principais álbuns fonográficos brasileiros.

É também nessa época que a publicidade se inspira no videoclipe para divulgar produtos. Exemplo disso é a campanha da Rider, que se alimentou no gênero videoclipe para realizar suas produções.

A linguagem publicitária ia além de uma simples propaganda de chinelos. Ela foi capaz de criar uma esfera de consumo muito mais abrangente e sedutora, veiculada de uma forma atrativa e jovem. O uso do sentimento – sendo esse mais importante que a narrativa – e a utilização do formato música são características do estilo MTV. Diante dessa ótica e inspirada nesse molde, a Rider segue essa proposta em seus comerciais. As regravações trazem sempre um tom pop – vinculado ao público jovem, ao universo videoclipe e interpretadas por uma banda ou cantor que fazem sucesso no “momento”.

A música não faz menção aos chinelos, apenas se utiliza de um sentimento que é exaltado através da veiculação da imagem em sincronia com a música. Essa dose exaltada de sentimentos consegue cativar o telespectador e, portanto, atingir seu objetivo: vender uma imagem de produto interessante, atrativo e jovial.


Videoclipe como produto comercial


O videoclipe, inserido numa cultura de massa, passou a ter um grande valor e a ser utilizado como estratégia de marketing. Para que isso fosse possível ele foi transformado numa peça promocional com a função de disseminar a canção-título e promover a banda, em outras palavras: vender CDs, DVDs e outros produtos vinculados a banda.

Atualmente os videoclipes estão atrelados com as novas tecnologias. Muitas vezes eles vêm junto ao CD como faixa multimídia (enhanced CD), são exibidos na Internet (sites como www.youtube.com) e também existem coletâneas de alguns artistas em DVD que reúnem todos os videoclipes de uma banda ou de um cantor.

O objetivo é bem claro: promover a música. Mas, ainda de acordo com Bryan, não justifica dizer que os videoclipes são um produto ruim só por terem caráter

comercial. O bom videoclipe é aquele que consegue fazer com que a canção fique mais interessante e que leve o telespectador a se interessar pelo CD. Afinal, desde que existe a tal “indústria cultural”, o que não é comercial?


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Mais do que a junção de imagem, música e letra, o videoclipe representou uma nova forma de linguagem. Conseguiu, por meio de uma linguagem jovial e atrativa, influenciar toda uma geração. Ele também é responsável pela movimentação financeira no que diz respeito à produção cultural pós-moderna. Esse mecanismo audiovisual influencia e direciona pessoas no modo de consumir, de se vestir, agir, e ter seu próprio estilo. É um meio pelo qual pessoas, principalmente os jovens, se identificam e buscam uma forma de se padronizar conforme o grupo que convivem.

Mas infelizmente, apesar do videoclipe ter forte influência na sociedade, ele é um gênero pouco estudado de acordo com o pesquisador Guilherme Bryan. Há pouca pesquisa em torno da produção e a grande dificuldade em encontrar dados sobre os videoclipes antigos.

“Para se ter uma idéia, quem foi consultado na MTV sequer sabe o diretor do primeiro videoclipe deles, Garota de Ipanema" (interpretado por Marina Lima). Tudo isso está influenciando a vida dos jovens, mas não se tem o cuidado de pesquisar e arquivar esses documentos. É um assunto esquecido quando se pensa em produção audiovisual brasileira”. (BRYAN, 2006)

A linguagem ou estética do videoclipe apresenta-se como uma forma atrativa e interessante de divulgar informações. Através da junção de imagens, sons e construções narrativas é possível, por meio dessa linguagem, fazer com que os estudantes de

comunicação social possam explorar novas formas de transmitir informações e dados de maneira a atingir adequadamente o público jovem, por exemplo.

Com o advento das tecnologias, principalmente a de sites de difusão de vídeos como Youtube, abre-se um leque muito grande para a experimentação e realização de trabalhos com essa linguagem.

Diante desse contexto, o videoclipe dá mostras que sua influência é demasiada grande na sociedade contemporânea – o que reforça a idéia de que ele deve ser usado como difusor cultural e informativo.

A linguagem do videoclipe

Guilherme Bryan, especialista no tema, fala sobre a importância do videoclipe

Guilherme Bryan (foto de Kodiak Bachine)

Por Marcus Tavares

Com a recente morte de Michael Jackson, vários de seus videoclipes voltaram às paradas de sucesso. Thriller, o mais famoso de todos os tempos, foi resgatado, assim como Black or White, Bad e They Don’t Care About Us. Trabalhos ricos em produção e conteúdo. O astro pop revolucionou a conjugação entre música e cinema. Segundo o jornalista e escritor Guilherme Bryan, o cantor mostrou que valia a pena investir na produção, contratando grandes profissionais da indústria de mídia. A fórmula deu certo.

Sucesso entre jovens, os videoclipes, na verdade, conquistaram o mercado mundial com o surgimento da Music Television, a MTV. “No Brasil, localizo três fases: os videoclipes do programa Fantástico, da TV Globo; os videoclipes do videomakers com suas produtoras; e a fase posterior ao surgimento da MTV Brasil”, conta Bryan, autor do livro Quem tem um sonho não dança – cultura jovem brasileira dos anos 80.

Foi com o objetivo de conhecer um pouco mais sobre os videoclipes, sua história e influência, que a revistapontocom resolveu entrevistar Bryan, especialista no assunto e doutorando em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). O título de sua tese é A autoria no videoclipe brasileiro.

Acompanhe:

revistapontocom - Michael Jackson e videoclipe: o que isso tem a ver?
Guilherme Bryan
- O Michael Jackson revolucionou os videoclipes e fez deles algo realmente fundamental não só para a divulgação de uma canção e seu disco, mas também de um estilo, postura e modo de comportamento. Além disso, foi o primeiro artista negro a ser exibido no horário nobre da MTV. Com Thriller, ele demonstrou que valia a pena investir muito e contratar grandes profissionais para realizar videoclipes. Em Black or White, o diretor John Landis consagrou a técnica do morphing, em que rostos se transformam em outros. Em Bad, o diretor Martin Scorsese realizou uma espécie de West Side Story dos anos 80. Isso sem esquecer, é claro, que Spike Lee filmou Michael Jackson no Morro Dona Marta, no Rio, e no Pelourinho, em Salvador, com o Olodum, para o clipe They Don’t Care About Us.

revistapontocom - Como você definiria a estética do videoclipe?
Guilherme Bryan
- Sinceramente, não sei se essa estética realmente existe. Acho que cada videoclipe possui a sua própria estética. De maneira mais ampla, é possível dizer que o videoclipe é um gênero audiovisual relativamente curto - dura, em média, de 2 a 3 minutos - e gira em torno de uma única canção específica. Ou seja, são criadas imagens para ilustrar uma única canção. Geralmente, nos videoclipes, os cortes são secos e muitos. Possui o que se denomina como “edição picotada”, que, posteriormente, viria a influenciar o cinema, a publicidade e outros gêneros televisivos.

revistapontocom - Esse formato ainda é uma característica das produções atuais?
Guilherme Bryan
- O videoclipe mostrou-se, ao longo dos anos, ser o gênero que melhor se adapta aos diferentes espaços de divulgação, seja na televisão, no cinema, no telefone celular e na internet, por ser relativamente curto e encantar em poucos segundos. Ou seja, é possível ver um videoclipe em qualquer lugar sem que isso implique em muita perda de qualidade. Por outro lado, imagine ver um filme de longa-metragem no telefone celular. É praticamente impossível.

revistapontocom - A história do videoclipe pode ser dividida em etapas?
Guilherme Bryan
- A história do videoclipe mundial com certeza se divide em antes e depois do surgimento da MTV, em 1981, pois ela se tornou o espaço por excelência para exibição dele. Outra etapa importante aconteceu no início dos anos 90, com a entrada em cena de diretores que fizeram do videoclipe um excelente espaço para experimentações, radicalizando nessas experiências mais do que os diretores anteriores. Esse é o caso de Michel Gondry, Spike Jonze, David Cunningham e Valerie Faries e Jonathan Dayton. Outra mudança ocorreu na metade dessa década, quando o videoclipe passou a ser realizado com orçamentos menores, destinado à exibição principalmente pela internet. No Brasil, localizo três fases: os videoclipes do programa Fantástico, da TV Globo; os videoclipes do videomakers com suas produtoras; e a fase posterior ao surgimento da MTV Brasil.

revistapontocom - O videoclipe ainda exerce influencia sobre os jovens?
Guilherme Bryan
- O videoclipe sempre influenciou e acredito que continuará influenciando os jovens do mundo todo, pois eles podem se identificar com o estilo de um determinado artista ali, seja pela indumentária utilizada, seja pelos gestuais.

revistapontocom - Qual é a função dos videoclipes?
Guilherme Bryan
- Os videoclipes continuam com a mesma função. Eles possuem, em si, duas vertentes complementares: a vertente promocional, que visa a divulgar uma canção e seu artista para atrair mais compradores para o disco do qual ele faz parte; e a vertente artística, que serve de espaço de experimentação para realizadores de audiovisuais.

revistapontocom - A cultura digital modificou a produção dos videoclipes?
Guilherme Bryan
- A cultura digital revolucionou toda a produção audiovisual e, portanto, também o videoclipe, a partir do momento em que modificou completamente a maneira de se realizar, principalmente na edição, esse tipo de produção.

revistapontocom - Você arriscaria alguma projeção dos videoclipes para daqui a alguns anos?
Guilherme Bryan
- Acredito que cada vez mais os videoclipes serão exibidos na televisão, no celular, na internet etc. Acho que ele continuará influenciando o comportamento dos jovens no mundo todo.

Fonte: http://www.revistapontocom.org.br/edicoes-anteriores-conversa-com/a-linguagem-do-videoclipe

sexta-feira, 23 de abril de 2010

AVATAR - Admirável mundo novo

Isabela Boscov, de Los Angeles

Certa vez, alguém perguntou a Cecil B. DeMille: "Se o senhor fosse Deus...". "Como assim, se eu fosse?", interrompeu DeMille. O diretor de Os Dez Mandamentos era um megalomaníaco famoso, mas nem de longe o único em sua categoria. Quase todo cineasta, confesse ou não, tem um complexo de Deus. Os que criam pequenos mundos e decidem o destino de pequenos personagens o têm. Os que criam grandes mundos e os povoam, batizam suas criaturas e dão a elas uma história costumam achar que não se trata de complexo, mas de fato objetivo. Entre esses, James Cameron é o deus dos deuses – por determinação própria e também porque é o recordista aparentemente imbatível de bilheteria (1,8 bilhão de dólares por Titanic), e em Hollywood isso basta para autenticar a natureza divina. Cameron, porém, é um Deus de Velho Testamento, colérico e implacável, e ainda mais duro que o original, já que não quer saber de descansar no sétimo dia nem deixar que os outros descansem. Há quatro anos, ele comanda com raios e vaticínios – além da promessa de vida eterna nos créditos de um filme seu – uma equipe gigantesca, na missão de criar mais um mundo: o mundo luxuriante e vertiginosamente tridimensional de Avatar (Estados Unidos, 2009), que estreia no país na próxima sexta-feira.


Em Avatar, um fuzileiro naval paraplégico, Jake Sully (Sam Worthington), é enviado ao planeta Pandora para uma missão especial: seu código genético será combinado ao dos habitantes locais, os Na’vi. O ar de Pandora é tóxico para o organismo humano. Mas, realocado nesse corpo híbrido, Jake poderá explorar livremente – e discretamente – o território. A colônia de terráqueos instalada ali quer garimpar as reservas de um minério valioso, e os Na’vi, que eles consideram um povo primitivo, estão em seu caminho. Porém, mal se vê livre para andar pelas florestas fantasmagóricas de Pandora em seu corpo de 3 metros de altura, pele azulada e luminescente e feições felinas – o aspecto dos Na’vi –, Jake se apaixona por uma nativa, Neytiri (Zoe Saldana), e começa a se enamorar do inimigo. Todos os traços comuns à obra de Cameron confluem aqui: a paixão por personagens femininas fortes; a história de amor meio kitsch, mas sincera; e a compreensão superlativa da relação conflituosa que o homem desfruta com o mundo físico e com a tecnologia que cria para mediar esse relacionamento. Acima de tudo, Avatar põe em relevo, mais ainda do que O Exterminador do Futuro, O Segredo do Abismo ou Titanic – todos paradigmas de pioneirismo e também de mania de grandeza –, o espírito irrefreável de desafio com que o diretor se joga em seus projetos.


Segundo seu próprio criador, Avatar é o que de mais complicado já se tentou fazer no cinema. Desconte-se a queda de Cameron para o exagero – e a afirmação continua valendo. Várias das tecnologias empregadas pelo diretor foram concebidas especialmente para o filme, como o monitor virtual, que lhe conferiu liberdade de ação inimaginável. Outras técnicas já haviam sido usadas com imenso sucesso, como a "captura de atuação" com que a Weta, a empresa de efeitos de Peter Jackson, desenvolveu o Gollum de O Senhor dos Anéis e o gorila de King Kong. Em Avatar, foi a própria Weta que deu o sopro de vida aos Na’vi – mas refinou seus programas até o ponto em que o cérebro deixa de distinguir o que é real e o que só existe no computador. Todo o empuxo de Cameron tinha uma única finalidade: propiciar ao espectador uma experiência de imersão total em um filme em 3D. VEJA assistiu à sessão para a imprensa de Los Angeles e constatou que essa imersão é de fato de uma profundidade sem precedentes – algo como ser lançado em um mundo novo tão palpável que se tem a ilusão de ter memórias dele.


De acordo com Jeffrey Katzenberg, sócio do estúdio DreamWorks e um dos revitalizadores da animação, a indústria de cinema é uma até o dia 17 – e será outra no dia 18, quando o filme começa a ser exibido. "O cinema teve apenas duas revoluções fundamentais: a do som e a da cor. Avatar vai liderar a terceira – a do 3D", disse Katzenberg. Nos últimos dois anos, o 3D vem ganhando terreno a passos largos, sobretudo nos desenhos animados, mas também em filmes com atores e ação reais, o live action. Restam dúvidas, entretanto, se ele não é meramente um truque de momento para reter o público em sua migração da sala de exibição para o DVD. Tudo indica que Avatar vai fulminar essas dúvidas. Vai, na verdade, instituir um novo padrão. Da mesma maneira que aconteceu com o advento da cor, à medida que a tecnologia se aperfeiçoa e seus custos caem, também o 2D deverá virar relíquia, é no que acredita Cameron – além de outros entusiastas como Steven Spielberg, Ridley Scott e Peter Jackson. "Creio que ele tem razão", disse ao jornal The Guardian o diretor do Conselho de Cinema do Reino Unido, Peter Buckingham. "Até porque o 3D é o parâmetro natural da visão humana. Em, digamos, vinte anos, o 2D só será usado por razões artísticas específicas – da mesma forma que hoje Woody Allen, por exemplo, às vezes filma em preto e branco." O único obstáculo, claro, é que o 3D sempre vai exigir o uso de óculos especiais no cinema – ainda que os de hoje sejam oticamente confortáveis e até bonitos, e não fajutos como aqueles de papelão que se usavam nos anos 50.


Há doze anos, desde Titanic, James Cameron não lança um filme. Toda a sua reputação está investida em Avatar – e não só ela. Cameron foi o primeiro a quebrar a barreira dos 100 milhões de dólares de orçamento, com O Exterminador do Futuro 2. Foi o primeiro também a romper a barreira dos 200 milhões, com Titanic, que só não teve a produção suspensa porque o diretor abriu mão de sua remuneração (o estúdio depois a restaurou) e porque está para nascer o executivo capaz de enfrentar sua ferocidade. "Diga a ele que ele está sendo ****, e que se ele parar de se debater vai doer menos", foi o recado que mandou a um chefão de estúdio que reclamou de seus atrasos. Desta vez, a versão oficial coloca o orçamento de Avatar em 237 milhões de dólares – menos que o de Homem-Aranha 3, que custou 258 milhões. Mas o jornal Los Angeles Times, que tem uma excelente cobertura do setor, crava as despesas de produção em 310 milhões. O que daria a Cameron a honra de ter abatido também essa terceira marca. Somados os gastos de distribuição e marketing, a fatura bate em 500 milhões. Para o diretor, porém, o que Avatar representa não se conta em dólares. "Se você estabelece metas ridiculamente altas e falha, você terá falhado muito acima do que os outros consideram sucesso", postula ele, na sua típica lógica de conjugação de opostos.


Cameron conta com um núcleo de seguidores fiéis que não desistem dele, apesar dos seus parâmetros de excelência inatingíveis e da maneira tirânica com que os cobra (Cameron, hoje com 55 anos, diz ter melhorado; algumas das pessoas à sua volta afirmam que a diferença é bem sutil). Mas há pouca gente de colarinho branco nesse grupo. Na maior parte, ele é formado pelos que o diretor considera seus verdadeiros semelhantes: seus técnicos, que às vezes chegam perto de arriscar a vida para cumprir suas ordens. Como nas filmagens de O Segredo do Abismo, em que equipe e elenco tiveram de se diplomar em mergulho (Cameron é um mergulhador fanático, capaz de descer mais fundo em mergulho livre do que alguns profissionais o fazem em mergulho assistido) para passar dez horas por dia, durante meses, submersos em um tanque gélido. As bolinhas de polipropileno que flutuavam na superfície para diminuir a refração da luz entravam em ouvidos, narizes e pulmões, provocando infecções a rodo. O cloro era tanto que os cabelos ficavam brancos e tão frágeis que, ao congelarem em contato com o ar, se quebravam. Foram semanas de infelicidade. Mas resultaram em um filme que, embora recebido com reservas em 1989, impressiona mais a cada revisão.


Também Avatar começou a ser gestado por causa da voracidade de Cameron em desbravar. "Palavras como ‘não’ e ‘impossível’ o deixam sexualmente excitado", brincou o ator Bill Paxton, veterano do time, à revista The New Yorker. "Impossível", entretanto, foi a resposta que ele obteve de sua equipe quando, em 1995, lhe entregou um esboço de Avatar para estudo: os recursos que a história requeria eram então algo tão factível quanto o teletransporte de Star Trek. A ideia foi para a gaveta, mas não ficou esquecida. Enquanto se dedicava a suas outras paixões, a exploração submarina e uma sociedade científica que advoga a colonização de Marte, o diretor aproveitou as oportunidades que esses interesses propiciavam para ir cercando Avatar, até jogar-lhe o laço. O passo fundamental foi desafiar o cinegrafista Vincent Pace a projetar uma câmera de 3D ideal: leve, ágil e capaz de rodar simultaneamente em 2D e 3D. Até poucos anos atrás, as câmeras de 3D formavam um conjunto de 150 quilos. Trabalhar com elas exigia músculos e resistência à frustração: na prática, não havia como fazer um longa-metragem de live action inteiro em 3D com um mínimo de qualidade. Todo o esforço de Cameron e seus amigos tecnólogos se dirigiu à tarefa de tornar o 3D mais ágil e produtivo que o 2D. Os protótipos foram testados em dois documentários sobre o fundo do mar, Ghosts of the Abyss e Aliens of the Deep. (Os quais, incidentalmente, levaram Cameron a desenvolver também veículos submergíveis capazes de levar câmeras até profundidades antes inexploradas.) Em 2005, Cameron decidiu que Avatar já se tornara viável e não parou mais de trabalhar no filme. Agora, quatro anos depois, ele acaba de provar de novo que o impossível não existe. Particularmente quando se é – ou pelo menos se acredita ser – uma espécie de deus.


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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Como fazer uma propaganda comercial?


A propaganda comercial parte de um briefing - conjunto de informações previamente listadas e necessárias para elaboração do comercial, como marca, produto e/ou serviço, público-alvo (consumidor), estratégia e slogan (frase de efeito). Geralmente segue o padrão, na grade de programação da televisão, de tempo de 15, 30, 45 ou 60 segundos.

No mercado publicitário, geralmente o cliente (marca ou empresa) procura uma agência de publicidade e lá é feito o briefing e criação do comercial. A agência elabora uma estratégia, roteiriza e procura uma vídeoprodutora, onde é feita a produção desse comercial. A vídeoprodutora dialoga com a agência até a versão final ser aprovada. Posteriormente, a vídeoprodutora envia o material para a emissora de televisão, onde foi comprado o espaço para ser veiculado.

Briefing Básico:

MARCA – PRODUTO/SERVIÇO – PÚBLICO-ALVO – ESTRATÉGIA - SLOGAN

Proposta de exercício:

1º Passo: escolher o produto ou serviço. (Ou até uma ideia)
2º Passo: traçar os objetivos que se quer alcançar – o quê? por quê? para quem? (público alvo)
3º Passo: definir a estratégia – ideia prévia (buscar inspiração nos recursos de persuasão se necessário)
4º Passo: elaborar o roteiro com slogan (frase de impacto)
5º Passo: decupar o roteiro (storyboard)
6º Passo: fazer a produção (locações, cenário, figurino, gravações)
7º Passo: editar o material: escolher tomadas, inserir voz-off (se necessário), trilha, regular o áudio, inserir efeitos e transições, caracteres.

O COMERCIAL DE TELEVISÃO

Estrutura da propaganda comercial – mensagens publicitárias

"De forma neutra, propaganda é definida como forma propositada e sistemática de persuasão que visa influenciar com fins ideológicos, políticos ou comerciais, as emoções, atitudes, opiniões e ações de públicos-alvo através da transmissão controlada de informação parcial (que pode ou não ser factual) através de canais diretos e de mídia." Richard Alan Nelson, A Chronology and Glossary of Propaganda in the United States, 1996

Definições básicas:

Propaganda: baseia-se na persuasão, que é o ato de desenvolver preferência, encorajar a mudança e mudar a percepção dos compradores em relação aos atributos do produto. (Modelo AIDA - Atenção – Interesse – Desejo – Ação - atrair o consumidor/ provocar interesse/ alimentar desejo/ transmitir credibilidade/fazer comprar). 

Ou seja, o publicitário (aquele que torna público) procura mudar a forma como as pessoas entendem uma situação ou problema, com o objetivo de mudar suas ações e expectativas para a direção que interessa. Ela não coloca falsas informações nas mentes das pessoas, mas faz com que as pessoas não se interessem pela informação verdadeira.

As propagandas podem ser comerciais (produto ou serviço), institucionais (promover idéia/causa da empresa ou instituição), e também política, eleitoral e religiosa.

Há várias técnicas que são utilizadas para criar mensagens que sejam persuasivas, porém falsas. Muitas dessas técnicas podem ser baseadas em falácias (argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega), já que os publicitários usam argumentos que, embora às vezes convincentes, não são necessariamente válidos.

Propaganda comercial – é uma mensagem com finalidade de difundir ao público-alvo, idéias sobre uma marca ou empresa (institucionais), promover um produto ou serviço de empresas ou comércios, anunciando em diversos meios de comunicação: revistas, jornais, filmes, internet, celulares, rádio e TELEVISÃO. 

A propaganda comercial requer um conteúdo de fácil compreensão e assimilação e pode fazer uso de spots publicitários, conhecidos como chamadas publicitárias, para fazer anúncios.

Spot - é um formato de propaganda falada, narrada ou interpretada por profissionais da voz. Serve para passar mensagem sobre um produto, serviço, marca ou empresa; informar e vender em curto espaço de tempo. Geralmente veiculado em rádios, TVs, internet, carros de som. 

O Spot pode ser comercial, publicitário, promocional, educativo ou político. Os mais comuns na grade de programação da televisão são aqueles que anunciam preços de produtos de supermercados, lojas de móveis, loja de roupas e até de carros em concessionárias.

E ainda:



Jingle – é um recurso publicitário que utiliza a música para a fácil memorização da mensagem pelo público-alvo a ser transmitida.


Springle – junção do spot com o jingle, ou seja, partes cantadas e faladas.



Vinheta – é uma breve mensagem de áudio e/ou vídeo rápida e curta, utilizada em passagens de comerciais de TV para aberturas de programas, seriados ou filmes

Técnicas de Geração de Propaganda – alguns recursos de persuasão

Os comerciais podem conter uma estratégia ou até uma combinação de várias delas juntas.



1. Criação de inimigos – mostra como o produto é eficaz em relação ao oponente
Ex.: Detergente contra a sujeira; analgésico contra a dor de cabeça; escova de dentes contra os germes; o inseticida contra o inseto.



2. Criação de problema – mostra um problema que o produto/serviço resolve
Ex.: Comercial de operadora de celular (desbloqueio), remédios (dores), materiais de construção (cano entupido)



3. Fazer comparação – mostra como o produto é melhor que o concorrente
Ex.: Comerciais de cerveja (cerveja quadrada), produtos de limpeza (sabão em pó que não rende)



4. Apelo à autoridade ou personalidade – um especialista no assunto que dá veracidade ao produto
Ex.: O dentista falando sobre escova de dentes; a modelo ou atriz bonita falando sobre shampoo/creme; o atleta anunciando tênis.


5. Estereótipo – utilização de fórmulas já consagradas para agradar ou desagradar
Ex.: Família feliz, inteligente que usa óculos, mulher grávida segurando a barriga, típica dona-de-casa, mulher gostosa, loira burra, mulher feia


6. Apelo ao humor – utilização do humor para despertar o riso e simpatia do consumidor
Ex.: Comerciais de cerveja, refrigerante, produtos de limpeza, calçados, carro.



7. Apelo ao medo – instigar o medo para convencer o consumidor
Ex.: Campanhas de prevenção de trânsito, doenças, gravidez.


8. Fazer Alusão – fazer referência ou citação de pessoa ou fato (real ou fictício) sem nomeá-lo diretamente, necessariamente conhecido pelo interlocutor.
Ex.: Comerciais que fazem alusão a filmes, novelas, personagens, celebridades, políticos.


9. Uso do Homem comum – conquistar a confiança do consumidor, comunicando-se com uso de imagem e texto de senso comum da sociedade
Ex.: Institucionais do governo, comerciais voltados para público jovem, de bancos, carros, cerveja



10. Utilização de Slogan - usar uma frase de impacto que resume a essência da marca, produto ou campanha. Deve ser preferencialmente curta, afirmativa, respeitando as regras gramaticais.


Ex.: “Brahma. A número 1”, “Malwee. Gostosa como um abraço”, “Skol. A cerveja que desce redondo”, “Banco Real. O banco da sua vida.”, “Unibanco. Nem parece banco”, “Globo. A gente se vê por aqui”, “Avanço. Elas avançam”, “Omo. Se sujar faz bem”, “Bombril. Mil e uma utilidades”, “Havaianas. Todo mundo usa”. “Você tem seu estilo. A Renner tem todos”, “Viva o lado coca-cola da vida”, “Tomou doril. A dor sumiu”. “Imperatriz. Até o preço é melhor”. “Johnny Walker. Keep Walking”, “Cheetos. É impossível comer um só”, “Helmanns. A verdadeira maionese”, “Nescau. Energia que dá gosto”, “O melhor plano de saúde é viver. O segundo melhor é Unimed.” “Casas Bahia. Quer pagar quanto?”




Algumas exceções conhecidas: (longa) “Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe Mastercard”, (negativa) “Brastemp. Não tem comparação”, (discordância) “Se é Cica, bons produtos indica”.


Referências:

Covaleski, Rogério. Cinema Publicidade Interfaces. Curitiba: Maxi, 2009.

Mestriner, Fábio. Design de embalagem – Curso Básico. Makron Books: 2002.
Palermo, Luiz Fernando. Publicidade e propaganda: comunicação e linguagem. Apostila 2009.1 Estácio de Sá.
Acesso http://k7producoes.com.br/spots-propaganda-comerciais.asp
Acesso: http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda
Acesso: http://pessoas.hsw.uol.com.br/propaganda1.htm

terça-feira, 13 de abril de 2010

OFICINAS PRÁTICAS - 8 º e 9º E.F.

OFICINA DE CRIAÇÃO – Aplicação da Narrativa Clássica Hollywoodiana

( ) Atividade 1: Em duplas, escolher imagens para criação de personagens. Listar características e objetivos numa história iniciada. “Dar vida”.

( ) Atividade 2: Em grupo (3 duplas reunidas), debater e unir os personagens e idéias criadas na atividade anterior numa história coerente com aplicação da narrativa clássica (personagem e objetivo – obstáculo – solução - desfecho).

( ) Atividade 3: Definir os personagens finais numa história coerente completa – ARGUMENTO.


Obs.: O que é argumento? É a idéia desenvolvida pelo(s) roteirista(s). Será a base para desenvolver a seqüência de ações dos personagens e acontecimentos da história.



OFICINA DE ROTEIRO – Transformar o argumento em roteiro

Obs.: O que é roteiro? É a adaptação do argumento em ações e diálogos. São as cenas que serão filmadas.

*Exemplo 1 de transcrição de argumento para roteiro:

Trecho do argumento: Alan vive triste e sente saudade da filha.

Trecho do roteiro: Alan entra na sala, com uma expressão triste. Dirige-se até o sofá. Vemos uma fotografia sobre o sofá (com Allan e uma criança no balanço sendo embalada por ele). Alan agacha-se e pega a fotografia, trazendo sobre seu tórax. Depois olha a fotografia, enquanto chora.

*Exemplo 2 de transcrição de argumento para roteiro com diálogo:

Trecho do argumento: Corina leva um susto no banheiro de casa.

Trecho do roteiro:

INTERIOR - QUARTO/BANHEIRO - NOITE

CORINA entra no quarto segurando uma toalha. Ela veste uma saia até o joelho e uma blusa de lã rosa com 3 botões. Coloca a toalha em cima da cama e desabotoa o primeiro botão da blusa, enquanto se dirige para o banheiro. Ela liga o chuveiro. Vemos sua roupa caída no chão. Ela pega o sabonete e ensaboa o pescoço. Vemos um vulto através do Box. Corina está de olhos fechados ensaboando o ombro. O vulto está mais próximo. Corina abre os olhos e fica com expressão de pavor. Vemos MATHEUS, um garoto de 12 anos dando gargalhadas e Corina com expressão zangada.

CORINA
Não tem a menor graça, Matheus!

MATHEUS
Ai mãe! Foi só uma brincadeirinha!

Matheus sai rindo do banheiro e Corina desliga o chuveiro zangada. Ela se enrola na toalha e vai para o quarto.


( ) Atividade 4: Fazer a ESCALETA (resumo das cenas) antes de iniciar o roteiro.

Exemplo.: Primeiras cenas de “Crepúsculo” de Catherine Hardwicke 2008

1. Bella vai morar com seu pai.
2. No 1º dia de aula, Bella ganha um carro, faz amigos e conhece a família Cullen
3. No recreio, Bella e Edward trocam olhares
4. Bella entra na sala de aula após o recreio e Edward fica visivelmente transtornado. Bella se incomoda.
5. Bella vai na secretaria e escuta Edward pedindo para trocar de turma. Ela fica chateada.
6. No 2º dia de aula, Bella se encoraja para falar com Edward, mas ele não aparece.
7. Após alguns dias, Edward puxa assunto com Bella e ela fica surpresa. Os dois fazem um exercício de laboratório juntos.
8. Em outro dia de aula, Edward puxa assunto com Bella na fila da cantina. Bella é convidada pelos colegas para ir para praia.
9. Num passeio da escola, Edward pergunta sobre o passeio que Bella vai fazer, demonstra irritação e sai aborrecido.
10. etc...


( ) Atividade 5: Fazer o ROTEIRO – descrição das ações e diálogos.

Exemplo de desenvolvimento das cenas da escaleta (sem seguir o roteiro original):

Cena 1 – Bella vai morar com seu pai.

EXTERNA - CARRO - DIA

BELLA está sentada no banco de trás de um carro com olhar desanimado. Vemos o carro trafegar numa rua com aspecto de cidade do interior. Vemos pessoas olhando curiosas para o carro onde está Bella. Ela observa tudo com desânimo. O carro pára na frente de uma casa de madeira de dois andares com aspecto descuidado. Um homem vestindo uniforme de policial espera na porta com um sorriso tímido, é CHARLIE, seu pai. Bella abre a porta do carro, pega sua mochila e desce. A mulher também desce. As duas despedem-se com um abraço. A mãe olha com ternura para a filha. Bella quase não levanta o olhar para a mãe e acena para o padrasto. Dirige-se tímida ao homem de uniforme, seu pai. Os dois trocam olhares tímidos, se abraçam sem jeito e Bella entra na casa. O homem acena para o carro e entra. O carro parte.

INTERNA – QUARTO BELLA - DIA

Bella entra no seu quarto antigo. Senta na cama e larga a mochila no chão. Observa tudo em volta. Pega o travesseiro na mão e cheira. O homem entra. Ela larga rapidamente, sem jeito.

CHARLIE

(com receio, apontando para a cama)

Eu mandei limpar tudo pra você!

BELLA

(desanimada, olhando em volta)

É...eu percebi que está um pouco diferente!

CHARLIE

(com olhar baixo)

Faz tempo que você não aparece por aqui!

BELLA

(baixando o olhar)

É eu sei!

CHARLIE

(mostrando entusiasmo)

Está com fome?

BELLA

Um pouco.

CHARLIE

Vamos comer aquela torta que você adora então!

Os dois saem do quarto.

INTERNA –LANCHONETE – FIM DE TARDE

Bella e Charlie estão sentados numa mesa comendo torta. Bella observa as pessoas na rua, enquanto mastiga um pedaço de torta. Charlie a observa.

CHARLIE

Amanhã será seu primeiro dia de aula. Está animada?

BELLA

(esforçando um sorriso)

Claro Charlie!

Charlie come o último pedaço de torta, enquanto Bella toma um gole de refrigerante, observando as pessoas na rua.

Cena 2 – O 1º dia de aula

EXTERNA –FRENTE DA CASA DE CHARLIE- DIA

Bella está saindo da casa e ao descer a escadaria, escorrega e cai no chão. Charlie desce do carro e ajuda Bella a se levantar. Etc....

Link Trecho do Roteiro Original: http://www.scribd.com/doc/4990723/ROTEIRO-1-A-10