Ontem, quinta-feira, dia 23 de fevereiro de 2012, finalmente assisti a mais recente obra do cineasta norte-americano Martin Scorsese, consagrado por seus bons filmes de ação e suspense adulto.
Se me perguntassem qual meu filme favorito antes dessa fantástica experiência, não teria uma resposta precisa, mas hoje posso afimar com absoluta certeza que meu filme favorito é "A invenção de Hugo Cabret". Não pela história em si, mas porque é o primeiro filme que conheço (se não for o único que existe) que verdadeiramente homenageia a invenção do cinema, o pioneiro Georges Méliès, meu grande ídolo e uma parte da história do cinema, conhecida teoricamente como 'O primeiro Cinema', ainda mudo, preto&branco, de curta duração e que transitava entre 'realidade e ficção' (Irmãos Lumière e Georges Méliès) num esquema de 'cinema de atrações'.
Se me perguntassem qual meu filme favorito antes dessa fantástica experiência, não teria uma resposta precisa, mas hoje posso afimar com absoluta certeza que meu filme favorito é "A invenção de Hugo Cabret". Não pela história em si, mas porque é o primeiro filme que conheço (se não for o único que existe) que verdadeiramente homenageia a invenção do cinema, o pioneiro Georges Méliès, meu grande ídolo e uma parte da história do cinema, conhecida teoricamente como 'O primeiro Cinema', ainda mudo, preto&branco, de curta duração e que transitava entre 'realidade e ficção' (Irmãos Lumière e Georges Méliès) num esquema de 'cinema de atrações'.
Ainda esta semana, um dos meus primeiros alunos de cinema, o talentoso Luís Gustavo, procurou-me no facebook empolgado, contando como se lembrou das nossas aulas ao ver este filme. E do início ao fim da sessão, eu chorei de emoção, fiquei arrepiada e minhas lágrimas se misturavam ao meu sorriso, porque eu estava vendo em imagens parte do que havia estudado na faculdade, tudo que havia estudado para dar aula, que havia narrado e compartilhado com meus alunos da Escola da Ilha e pessoas anônimas que passaram pelos minicursos da SEPEX da UFSC, além do meu marido e amigos, que tenho certeza que lembrarão de mim e da minha empolgação ao falar como o cinema surgiu e como Méliès foi pioneiro em transformar sonhos em filmes!!! Meu marido disse 'O filme me fez lembrar de você e das coisas que você sempre fala do cinema!'.
Baseado no livro infanto-juvenil "A invenção de Hugo Cabret", do autor premiado Brian Selznick, o filme de Scorsese une duas histórias, do personagem fictício Hugo e do personagem da vida real Méliès para fazer uma grande homenagem à invenção do cinema e tornar seu filme uma obra essencial e obrigatória para qualquer estudante de cinema e cinéfilo, interessado em compreender o surgimento do cinema e seus primeiros desdobramentos. É um grande presente à História do Cinema e uma justa homenagem à Georges Méliès, pai dos 'efeitos especiais' e cinema de ficção, sempre beirando ao fantástico em suas histórias lúdicas.
Além de tudo isso, o primeiro filme em 3D de Scorsese confirma o terceiro grande marco da história do cinema, após o som e a cor, pois assim como em outras épocas, ainda há muita resistência (como Chaplin resistiu ao som), porém quando grandes cineastas aderem à uma inovação tecnológica e a exploraram ao máximo, será muito difícil reverter esta nova tendência do cinema. Estamos vivendo o 'futuro' e em breve fazer filmes em 2D será pura escolha estética, assim como já é, quando se faz mudo ou em preto&branco.
Scorsese experimenta o 3D de forma genial, explorando a profundidade de campo de várias maneiras, com elementos se aproximando ou se afastando em relação à câmera, com planos fixos e móveis, favorecendo a sensação de imersão nas cenas, além do bom uso da sobreposição de elementos cênicos, típico do 3D. Os enquadramentos parecem feitos de várias camadas!! Dá vontade de tocar os objetos e andar nos cenários!
A seqüência inicial do filme, quando a câmera desliza na estação e pára diante dos olhos de Hugo, escondidos por trás de um relógio, é maior prova de que o 3D não será passageiro, mas uma técnica que será explorada cada vez mais por mentes brilhantes do cinema. Este é um segundo grande presente, vivenciar uma nova forma de fazer filmes, quando tudo já parece tão desgastado. Scorsese soube explorar e pensar em 3D brilhantemente!
A seqüência inicial do filme, quando a câmera desliza na estação e pára diante dos olhos de Hugo, escondidos por trás de um relógio, é maior prova de que o 3D não será passageiro, mas uma técnica que será explorada cada vez mais por mentes brilhantes do cinema. Este é um segundo grande presente, vivenciar uma nova forma de fazer filmes, quando tudo já parece tão desgastado. Scorsese soube explorar e pensar em 3D brilhantemente!
A direção de arte e uso da luz (contraste claro e escuro) reforça a tridimensionalidade e profundidade de campo do filme, mantendo um ar lúdico e fantástico, essencial em filmes infanto-juvenis, e especial quando se homenageia Méliès. Lembrei-me muito dos filmes do cineasta francês Jean-Pierre Jeunet (Delicatessen, O fabuloso destino de Amélie Poulain, Micmacs, etc), que também acredita que o cinema é o mundo da imaginação e dos sonhos.
Hugo (Asa Butterfield) é um jovem inventor, que aprendeu a consertar engrenagens e relógios, com os ofícios do seu pai relojoeiro. O último momento que passam juntos envolve a descoberta de um misterioso autômato, um boneco mecânico, que está quebrado e precisa de consertos. Antes do mistério ser desvendado, o pai de Hugo morre num incêndio e seu tio alcóolatra o leva para estação de trem, seu novo lar.
É neste ambiente, numa Paris de 1930 (ainda que os personagens falem inglês), que Hugo conhece o desanimado e inconformado Papa Georges (Ben Kingsley), dono de uma loja de brinquedos, e sua neta Isabelle (Chloe Moretz), devoradora de livros que nunca foi ao cinema.
É neste ambiente, numa Paris de 1930 (ainda que os personagens falem inglês), que Hugo conhece o desanimado e inconformado Papa Georges (Ben Kingsley), dono de uma loja de brinquedos, e sua neta Isabelle (Chloe Moretz), devoradora de livros que nunca foi ao cinema.
Obcecado pelo conserto do autômato, Hugo rouba peças da loja de Mèliès, até ser pego e ter seus pertences retidos pelo velho rabugento. O caderno que carrega contém todas as informações sobre o boneco mecânico, o que deixa papa Georges transtornado. É neste clima de mistério juvenil, que a amizade de Isabelle e Hugo se fortalece e juntos descobrem quem Papa Georges realmente é, o grande pioneiro cineasta Georges Mélies.
Em certo momento do filme, Hugo conversa com Isabelle e acredita que tudo existe por uma razão, que qualquer artefato mecânico nunca contém peças extras, e por isso acredita que cada ser humano tem uma função no mundo, uma vocação, um objetivo. 'Ninguém é uma peça extra!'. Isabelle e Hugo não sabem ao certo qual sua função, mas acreditam que a de papa Georges precisa ser lembrada, pois ele parece tão quebrado quanto o boneco mecânico.
Aí reside a grande mensagem infanto-juvenil do filme: encontrar sua paixão, sua função e vocação. Sentir-se parte do mundo, essencial! Nunca alguém extra e descartável. E se observarmos o ciclo da natureza, tudo realmente cumpre uma função e se transforma! Ninguém é resto ou lixo! E se Méliès estava se sentindo assim, Hugo e Isabelle o ajudam a lembrar-se de quem foi, assim como Scorsese, através de seu filme ajuda-nos a lembrar de como o cinema surgiu e de como Méliès foi importante!!
'Viagem à lua' de Georges Méliès (1902)
Meu filme favorito do 'Primeiro Cinema'
O filme é emocionante 'fora de campo', pois me toca no meu lado mais sensível. Sou alguém que acredita nesse cinema da imaginação!!! Nada de discursos políticos ou posturas radicais, apenas entender que o cinema é aquilo que queremos que ele seja para nós, realizadores e espectadores. Ninguém é dono da verdade ou de uma definição específica, pois a experiência do cinema é única e passageira. Os filmes passam e se multiplicam, mas sensações e lembranças de cada experiência é que ficam!!! =)
Mais do que uma história infanto-juvenil, uma mensagem positiva, uma trama misteriosa e lúdica, uma belíssima direção de arte e experiência 3D, ou um ator não tão expressivo, e uma Paris estereotipada, o mais tocante foi ver trechos de filmes de Méliès restaurados em 3D. Foi emocionante ver 'A chegada do trem na estação' e as pessoas se jogando atrás das cadeiras. Ver o primeiro estúdio de cinema, feito de vidro para entrar toda luz possível, e os bastidores dos primeiros filmes do cinema, cenários, figurino, efeitos e peripécias!! "Aqui que inventamos os sonhos!" disse Méliès, o cineasta ilusionista que encantou o mundo com seus filmes fantásticos, pouco lembrados e valorizados! Talvez resida aí a importância de uma aula de cinema, que esclareça que os efeitos especiais começaram muito antes de Star Wars e afins! =)
Ver Hugo foi uma experiência tocante, emocionante e apaixonante, pois homenageia o começo de algo que se tornou minha grande paixão, como realizadora, espectadora e professora, pois mais do que fazer filmes, eu me realizo ensinando a fazer!! O cinema é de todos, e se eu puder ajudar que outros se expressem através dele, estarei fazendo cinema também! =)
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