A Profª Mônica Fantin me convidou mais uma vez para dar uma oficina de cinema para seus alunos do NADE Cinema, Infância e Educação, no curso de Pedagogia da UFSC.
Em dois encontros de cerca de 2h40, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre a história do cinema, os primeiros filmes, o início da linguagem cinematográfica e alguns grandes marcos como a vinda do som e da cor.
Em nosso segundo encontro, apresentei o Minuto Lumière, exercício proposto por Alain Bergala em seu livro "A hipótese cinema", referência importante nas pesquisas que envolvem Cinema e Educação, e exercício que venho trabalhando em diversos contextos educativos, com diferentes faixas etárias e níveis de aprendizado, como estes aqui e aqui.
Os alunos do NADE foram então desafiados a produzirem 1 tomada de alguma cena cotidiana com duração de 10 segundos, sem cor, sem som direto e com a câmera parada.
É uma atividade simples, mas com grande potencial para iniciar os alunos ao cinema, como afirma Bergala. Se o tempo passar, é preciso refazer a tomada. Se for gravada com a câmera do celular na vertical, também é preciso refazer. Exige concentração, planejamento prévio, experimentação, organização e disciplina, pois o tempo dado para gravação dessa tomada foi de apenas 10 minutos.
Reunidas as tomadas, editamos em coletivo no Windows Movie Maker projetado no telão e pudemos visualizar o resultado. Confira abaixo:
A atividade também é uma ótima oportunidade para trabalhar noções de edição com a turma.
E apesar do pouco tempo, foi possível perceber a diversidade de olhares sobre o espaço da universidade. As salas, o banheiro, a calçada, a (favorita) cantina e os corredores.
Se exibirmos esse vídeo nos próximos anos, teremos uma percepção semelhante aos vídeos dos Irmãos Lumière. Como era a universidade na época, como as pessoas se vestiam, o que faziam, o que comiam. E ao questionar os alunos se produzir imagens do cotidiano ainda era comum atualmente, os alunos apontaram o uso em reportagens e vídeos caseiros, como o caso das intercambistas portuguesas que enviam seus vídeos da estadia no Brasil para amigos e familiares.
Com a popularização dos smartphones, a cena cotidiana se tornou novamente protagonista, como ocorreu com a criação do cinematógrafo dos Irmãos Lumière.
Este foi o gancho para comentar sobre o documentário colaborativo "A vida em um dia" de Kevin Macdonald, que em parceria com Ridley Scott e o Youtube, convocou pessoas do mundo inteiro a enviarem imagens do seu dia, em 24 de julho de 2010, para produção de um documentário experimental que serviria como uma grande cápsula do tempo. 5000 horas recebidas e editadas para uma versão compacta de 1h30.
Confira o trailer:
Aproveitando nosso contexto e com pouco tempo, propus que os alunos pensassem em 12 tomadas, retratando sua rotina na universidade e coletivamente construímos um esboço para ser filmado em apenas 10 minutos.
4 grupos ficaram responsáveis por fazer 3 tomadas cada um. Foi preciso agilidade, disciplina, organização, colaboração de equipes, produção de objetos, planejamento e execução. Habilidades fundamentais no contexto educativo e no próprio cinema.
Feita a edição coletiva no Movie Maker projetado no telão, os alunos puderam visualizar o resultado de seu trabalho. Confira abaixo:
Na socialização final, alunas comentaram que a experiência do fazer as fizeram ter mais vontade de experimentar a edição e a produção de imagens; outras que a experiência foi divertida e trouxeram um novo olhar sobre os bastidores do cinema; outros alunos comentaram sobre a diversidade de olhares e escolhas da turma para cada tomada; e como em tão pouco tempo foi possível produzir coisas bacanas, que poderão inspirar em suas práticas em sala de aula e trabalhos na universidade.
Trabalhar com cinema é mágico, e com exercícios tão simples é possível promover uma iniciação e contagiar os alunos a se aproximarem cada vez mais do universo cinematográfico, minha grande paixão e motivação! =)