quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cinema e educação - um novo mercado de trabalho


1º Curso de Cinema com Licenciatura UFF

A Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói - RJ, promete criar, em breve, o primeiro curso de licenciatura em Cinema e Audiovisual no Brasil.

A iniciativa é pioneira e o projeto pedagógico já está pronto. A previsão de abertura oficial é em 2012, por conta da construção de novas instalações.

A notícia é ótima e é o reflexo de um mercado de trabalho que já existe, mas que possivelmente começará a ter uma visibilidade maior e talvez uma regulamentação mais adequada, já que as oficinas de cinema e audiovisual são cada vez mais comuns nas escolas, diante da ampla abertura nas exigências do ensino de artes nos parâmetros curriculares nacionais e a facilidade de produção de vídeos, com a era digital, contando com equipamentos e ilhas de edição mais acessíveis como as câmeras de vídeo handcam e softwares de edição como o Windons Movie Maker ou Pinacle, além da socialização e distribuição universal que ocorre entre os estudantes, através de postagens no youtube.

É visível o uso intenso das mídias entre os jovens, como a produção de vídeos, manipulação de imagens, criação de blogs e portais de postagem de conteúdo audiovisual. A discussão sobre esse uso, ainda sem uma mediação adequada e direcionada, é preocupação crescente na área da Educação, num campo denominado mídia-educação (educação para, com e sobre os meios/mídias).

Hoje é difícil controlar o acesso e procura de conteúdo audiovisual na internet, muitas vezes impróprio para determinadas faixas etárias, justamente por carregarem uma subjetividade que exige uma formação crítica que estes jovens ainda não tem. Percebe-se essa falta de preparo nas produções que eles fazem em casa ou nas escolas, usando como referência filmes como "Clube da luta", "Tropa de elite" ou "Cidade de Deus", que abordam uma violência urbana, carregada de teor crítico, mas é que esvaziada com vídeos que exploram apenas a violência gratuita. Portanto é extremamente necessária uma mediação entre este conteúdo e o público jovem que o acessa. Se ela não ocorre em casa, cabe a escola assumir esta responsabilidade e ter professores preparados para saberem mediar e promover a reflexão entre os estudantes.

Eu, como bacharel em cinema, atuando como professora de cinema na disciplina de Artes, no Ensino Fundamental e Médio em Florianópolis, tornei-me pesquisadora da área a partir da experiência prática. Sem o preparo pedagógico, deparei-me com desafios no dia-a-dia escolar, que consegui contornar com a prática. Enfrentei o desafio de ensinar, sem nenhum tipo de material direcionado aos jovens, ou métodos e dinâmicas, já que o bacharelado (infelizmente) não prevê este preparo. Aos poucos, tenho desenvolvido técnicas de ensino, e refletido sobre o uso adequado e produtivo do cinema como ferramenta de ensino. Como e o quê ensinar?

A criação de um curso de cinema voltado para a Educação é algo extremamente promissor, pois reforça o discurso daqueles, que como eu, acreditam no cinema como uma ferramenta de ensino, e que é necessária a preocupação com a formação do professor que se propõe a fazer uso desta forma, afinal hoje não é obrigatória a formação específica em cada área do conhecimento para lecionar, como matemática, geografia e português? Então para ensinar cinema, talvez o professor mais preparado, seja aquele que estudou e se preparou pra isso.

A melhor maneira de mobilizar e conscientizar o espectador de cinema a apreciar o diferente é educando!

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