terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cinema e História: "Sociedade dos Poetas Mortos"

Adorei o post desse blog e compartilho com vocês as questões formuladas para trabalhar o filme numa aula de história e que serve como ótimo ponto de partida. Elas também podem servir para discussões em outras aulas, com outros temas transversais e outras abordagens.   

Fonte original: aqui.

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Trabalho de História sobre o filme: 
“Sociedade dos poetas mortos”


"Professor: Sanger Amaral Alves Nogueira

Aluno(a):

Questão 1: O filme se passa numa escola particular no ano de 1959. A escola do filme era a mais recomendada para se entrar numa boa faculdade. Vimos na matéria do primeiro ano que durante a Idade Média a sociedade era organizada de forma estamental: o indivíduo estava determinado pelo seu lugar de nascimento. O iluminismo e a sua defesa da autonomia do indivíduo transformaram o modelo de sociedade para o atual. Contudo, alguns costumes ainda persistem. De que maneira os jovens alunos do filme ainda sofrem com os antigos costumes da sociedade estamental?

Questão 2: Segundo o diretor da escola, existiriam 4 pilares para o sucesso no método de ensino: tradição, disciplina, honra e excelência. Na versão dos alunos, os 4 pilares se transformavam em: terror, excremento, decadência e paródia. Os alunos não acreditavam naquilo, mas, mesmo assim, aceitavam as regras do jogo. Na sua opinião, qual seria o motivo dos alunos respeitarem um regra em que eles não acreditavam?

Questão 3: Cite algumas diferenças em relação à sala de aula de 1959 e a nossa sala de aula.

Questão 4: As aulas do senhor Keating questionavam justamente o propósito dos alunos estarem na escola. A relação entre o conhecimento e o aluno não pode ser apenas de memorização. A medicina, o direito e a engenharia são essenciais para a vida, no entanto, o ser humano precisa da poesia para falar sobre ele próprio. Keating é taxativo: “Tornem suas vidas extraordinárias: carpe diem!” Cite 1 atitude dos personagens do filme dentro do espírito do carpe diem.

Questão 5: Você consegue se identificar com algum personagem do filme? Justifique.

Questão 6: O modelo de educação proposto pela escola do filme entrou em colapso a partir da segunda metade do século XX. O “carpe diem” atualmente é muito mais valorizado do que na década de 50. Anúncios de bebidas, produtos tecnológicos e a propaganda em geral nos estimulam a gozar a vida mediante a compra e o consumo de seus produtos. No nosso mundo particular, o gozar a vida se define pela quantidade de pessoas com que “ficamos” numa noite. Será que a juventude de hoje conseguiu tornar suas vidas extraordinárias? Desejamos saber sua opinião: o carpe diem proposto pelo professor Keating é o mesmo gozar a vida que estamos acostumados hoje? Justifique.

Dica: Lembre-se do poema falado no filme: “Fui à floresta porque queria viver de verdade/ Eu queria viver profundamente e retirar toda a essência da vida/ Fazer apodrecer tudo aquilo que não era vida e não, quando eu morrer, descobrir que não vivi”

Questão 7: O trecho a seguir reproduz o conteúdo do documento que acusa o Sr Keating de estimular idéias subversivas nos seus alunos. Leia o trecho e responda a pergunta:

“Tenho aqui uma descrição detalhada do que acontecia nas reuniões da Sociedade dos Poetas Mortos. As aulas do professor Keating serviram como fonte de inspiração para o comportamento egoísta dos alunos. O professor encorajou Sr Perry em sua obsessão por atuar mesmo sabendo que essa não era a vontade de seus pais. A atuação do professor Keating foi o responsável pela morte de Neil Perry”

Você assinaria o documento? Justifique.

Obs: Lembre-se que, caso você não assine, você será expulso de uma das melhores escolas e, provavelmente, o seu futuro profissional correria um sério risco."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Livro: Arte é... cinema!


Pessoal!! Lá vai mais uma indicação bem legal de livro de cinema para crianças, da autora Núria Roca. Custou R$28,50 + frete e comprei pelo site da Editora Escala Educacional.

O livro é bem fininho, mas reúne um conteúdo bacana sobre história e características do cinema (composição de planos, funções das pessoas, uso do som, luz, etc), com linguagem bem acessível para o público infantil. Há ainda sugestões de atividades básicas e ilustrações bem legais.

Fica a dica! =)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Exposição: "Luz e Sombra: o Cinema em Santa Catarina"


Ontem dei uma passadinha no CIC - Centro Integrado de Cultura, aqui em Florianópolis, e na exposição "Luz e Sombra: O cinema em Santa Catarina" do MIS - Museu da Imagem e do Som
 
 
 
A exposição reúne um pouco da história do cinema catarinense, através de imagens, objetos e de um texto sucinto e acessível, impresso nas paredes do espaço. Os primeiros filmes e vistas nacionais; a primeira sessão na praça XV de Novembro; a chegada da televisão; a música no cinema; a retomada do cinema catarinense, entre outros temas estão lá bem explicadinhos. Vale a pena dar uma conferida!




O quê: Exposição Luz e Somba: o cinema em Santa Catarina
Onde: Sala de exposições do Museu de Imagem e Som de Santa Catarina (MIS/SC)
Av. Governador Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica - Florianópolis – SC.
Visitação: de 13 de julho a 14 de outubro de 2012.
De terça a sexta-feira, das 10h às 21h15mim.
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h.
Informações: (48) 9953-2329 ou aqui.
Entrada gratuita

Programação para Escolas:

As visitas deverão ser agendadas pelo telefone: (48) 39532329 com Cristiane e Morena.
As visitas iniciarão a partir de agosto de 2012.
 
Roteiro de visita: Mediação da Exposição Luz e sombra e exibição de um dos programas abaixo.

O programa deverá ser selecionado pelo professor.

PROGRAMA 01: INFANTIL (05 A 10 ANOS)
-Aventuras da Ilha da Magia – Direção Rubens Beli - 15 min
-53 Cartas - Direção Igor Pitta Simões – 19 min
-Cadê meu Rango? – Direção George Damiani - 4 min
-Campeonato de Pescaria – Direção Luiza Lins e Marco Martins – 14 min
-O Mistério do Boi de Mamão - Direção Luiza Lins e Marco Martins – 13 min

 PROGRAMA 02: LONGA-METRAGEN - PROGRAMAÇÃO JUVENIL (14 ANOS)

-A Antropóloga - Direção Zeca Pires - 90 min

 PROGRAMA 03: CURTA- METRAGENS - PROGRAMAÇÃO JUVENIL (14 ANOS)

-Nem o Céu, Nem a Terra – Direção Isabela Hoffmann Dummer – 25 min
-A Mão do Macaco - Direção Jefferson Bittencourt - 20 min
-Black Out, A Comédia do Sinistro - Direção: Marco Stroisch - 22min
-Cadê meu Rango? – Direção George Damiani - 4 min

 PROGRAMA 04: DOCUMENTÁRIOS - PROGRAMAÇÃO JUVENIL (12 ANOS)

-Celibato no Campo - Direção: Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt  52min
-Cerveja Falada - Direção Demétrio Panaroto, Luiz H. Cudo e Guto Lima. 15min

PROGRAMA 05: DOCUMENTÁRIOS - PROGRAMAÇÃO JUVENIL (12 ANOS)

-É Bucha! 40 anos do Teatro Biriba - Direção Gláucia Grigolo e Renato Turnês.  56 min
-Á Luz de Schwanke - Direção: Ivi Brasil e Mauricio Venturi – 8 min.

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Museu da Imagem e do Som - SC
www.mis.sc.gov.br
(48) 3953-2329
(48) 3953-2327

terça-feira, 31 de julho de 2012

Exposição: "Georges Méliès, o Mágico do Cinema"


A trajetória do francês Georges Meliés e de suas invenções revolucionárias no cinema podem ser vistas na exposição "Georges Méliès, o Mágico do Cinema" no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, até 16 de setembro.

Além de cartazes, figurinos e desenhos originais, a organização criou um espaço interativo com roupas e cenários para os visitantes soltarem a criatividade e criarem filmes de 30 segundos.


George Meliés era muito detalhista e desenhava cada cena antes de gravar. Na exposição, o visitante vai poder acompanhar o passo a passo das ideias criativas do artista e assistir a um dos filmes mais famosos do francês: “A Viagem à Lua".


Meliés fez mais de 500 filmes, mas boa parte do material foi perdida. A exposição traz 11 deles – mas é o suficiente para curtir o trabalho de alguém que sempre esteve à frente do seu tempo.

O artista foi muito lembrado recentemente porque foi personagem do filme "A Invenção de Hugo Cabret". Na história, ele é um inventor de efeitos especiais num tempo em que o cinema nem sonhava com tanta tecnologia. A ficção representa bem o que foi Meliés na vida real. O cinema colorido foi desenvolvido só na decada de 30, mas bem antes o artista também inovou pintando os negativos a mão.

Georges Méliès, o Mágico do Cinema
Museu da Imagem e Som. 
Avenida Europa, 158, Jardim Europa.
Fone: (11) 2117-4777.
De terças a sextas, das 12h às 21h; 
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. 
R$ 4. Até o dia 16 de setembro.

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Fonte aqui.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Clube do Professor


Ontem eu peguei minha carteirinha do Clube do Professor e fiquei entusiasmada para as sessões de cinema do mês!! Poderei assistir um filme diferente todo sábado, totalmente de graça e ainda levar um acompanhante!!! Não é demais?!!!

Se você é professor e ainda não fez sua carteirinha, corre pro site e se cadastre!!!!

Aqui em Floripa, as sessões gratuitas ocorrem todo sábado no Espaço Unibanco do Beiramar Shopping. Para conferir os filmes e programação do mês, basta entrar no site

Para dar uma forcinha, quando eu puder, irei publicar a programação e comentar os filmes no meu blog de cinema, ok?!

Abaixo segue a programação de JULHO:

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O Clube do Professor apresenta uma programação que aposta na diversidade, incluindo obras de todas as nacionalidades, filmes inéditos, clássicos e do circuito comercial. O objetivo é ampliar o universo cinematográfico do professor, visando o prazer de ver um bom filme em uma sala especializada, sem o compromisso de um trabalho pedagógico imediato à experiência cinematográfica.

A entrada é gratuita para o portador da carteirinha do Clube do Professor e um acompanhante. É necessário apresentar o RG com a carteirinha. O acompanhante deverá estar presente para obter a sua cortesia.

Consulte este link para mais informações.

07/07
Para Roma com Amor
Florianópolis - Sala 1 - 13h30

14/07
A Era do Gelo 4 - OK
Florianópolis - Sala 2 - 13h40

21/07
Na Estrada - OK

Florianópolis - Sala 4 - 13h30

28/07
Valente - OK (outro dia)

Florianópolis - Sala 4 - 13h20

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Livro: Luz, câmera, ação!


Ontem encontrei este livro-claquete infanto-juvenil super legal!!! Ao abrir a caixa, várias surpresas: guia para o 'diretor' com informações básicas sobre cinema (linguagem fácil e clara), dividido em ficção, documentário e animação!

Além disso, há várias pastinhas para ajudar com efeitos especiais e sonoros e um caderno de storyboard bem bacana!!

É um ótimo material para planejar e preparar aulas para qualquer faixa etária - e usar, claro!!! Recomendo!!!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Charlie Chaplin em 3D" na Gloob!

Genteeee adorei essa notícia!!! Charlie Chaplin virou desenho e será exibido no novo canal infantil da GloboSat!!! Demais, não?!!



Matéria Original aqui.

"O novo canal infantil da Globo, "Gloob", começou a divulgar sua grade de programação com a série animada de Charlie Chaplin.



"Charlie Chaplin em 3D" é uma co-produção do estúdio francês Method Animation e do estúdio indiano DQ Entertainment e possui 26 episódios com meia hora de duração, todos feitos em computação gráfica.

Em breve o canal ainda deve divulgar outras animações que serão exibidas. Lembrando também que aqui no Brasil existem muitas séries boas para se comprar!

 O canal estreia em Junho de 2012 na Globosat."

Confira o episódio "Os ladrões que se cuidem" abaixo!!!


E olha outra animação bacana que encontrei no youtube!!!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"O feijãozinho falante" de Janice de Bittencourt Pavan

A autora Janice, Mirele e eu!

No final de março tive o prazer de prestigiar o lançamento do livro "O feijãozinho falante" da escritora e ilustradora Janice de Bittencourt Pavan, mãe de minha grande amiga Larissa (minha madrinha de casamento, chá de panela, cupida, fofa, etc e tal!).

O livro foi inspirado numa redação escolar da Larissa (filha da autora), quando estava na 2ª série, e é voltado para o público infantil, onde narra a história delicada da personagem Lara e seu feijãozinho falante, além de conter atividades educativas ao final, envolvendo interpretação de texto, experiências práticas e incentivo à expressão artística. 

O bacana do livro é seu potencial educativo, já que pode ser utilizado como simples narrativa, em contação de histórias, encenações ou até como ideia para fazer um vídeo de animação, além de complementar as experiências escolares em biologia, plantando feijões e observando o ciclo da natureza e da vida em si. 

Vale a pena a leitura e como dica de trabalho em sala de aula!!!

Ah!! Um detalhe fofo, no lançamento do livro, cada convidado recebeu um saquinho com um feijão de cada tipo (preto, branco, carioca, etc) e um jogo de palavras para brincar!! Amei!!!

"Crescer na era das mídias eletrônicas" de David Buckingham

  BUCKINGHAM, David. Crescer na era das mídias eletrônicas. Tradução: Gilka Girardello e Isabel Orofino. São Paulo, Loyola, 2007.

Neste livro, Buckingham nos fala sobre as transformações atuais nas concepções de infância diante do surgimento das mídias eletrônicas. Eles apresenta duas linhas de pensamento essencialistas e opostas, sintetizadas pela ‘morte da infância’, visão que considera as mídias culpadas pelo fácil e desenfreado acesso à informação e conhecimento, nem sempre ‘adequados’ aos que ainda 'não pertencem' à vida adulta (crianças e jovens); e a visão otimista da relação das crianças em sua ‘geração eletrônica’, agora ativas e produtoras de cultura, através das mídias.

Para ele, é um processo irreversível, porém a grande preocupação não deveria ser com o conteúdo (controle e regulação), mas com a participação e preparação das crianças neste processo.

Abaixo colocarei alguns trechos fundamentais que sintetizam seu pensamento e a importância da sua obra para pensar infância hoje, além de uma super síntese dos capítulos para os interessados no livro! =)
 
Prefácio

“É difícil ignorar a importância cada vez maior das mídias eletrônicas. Em todas as sociedades industrializadas – e também em muitos países em desenvolvimento – as crianças hoje passam mais tempo em companhia dos meios de comunicação do que com seus familiares, professores e amigos. (...) Suas experiências midiáticas são repletas de narrativas, imagens e mercadorias produzidas pelas grandes corporações globalizadas de mídia.” (p. 7)

Para ele, “o significado de infância nas sociedades contemporâneas está sendo criado e definido por meio das interações das crianças com as mídias eletrônicas.”

Ele considera importante lembrar que ‘as características da família e da escola – as duas instituições-chaves que em grande parte delimitam e definem a vida das crianças – variam bastante de uma cultura para outra.’

“A infância não é absoluta, nem universal, e sim relativa e diversificada. A idéia de infância é uma construção social, que assume diferentes formas em diferentes contextos históricos, sociais e culturais. (...) As crianças de hoje podem ter mais em comum com crianças de outras culturas do que com seus próprios pais.” (p.8)

Introdução - Capítulo 1 – Em busca da Infância

As interpretações das mudanças na infância “e no papel dos meios de comunicação em refleti-las ou produzi-las – estão agudamente polarizadas. De um lado, acham-se os que argumentam que a infância, tal como a conhecemos está desaparecendo ou morrendo, e que as mídias – particularmente a televisão – são as maiores culpadas. As mídias aparecem aí como responsáveis pelo apagamento das fronteiras entre infância e idade adulta, e, conseqüentemente, por um abalo na autoridade dos adultos. De outro lado estão aqueles que argumentam que há um crescente abismo de gerações no uso das mídias – que a experiência dos jovens com as novas tecnologias (especialmente os computadores) está cavando um fosso entre sua cultura e a da geração de seus pais. Longe de apagar as fronteiras, as mídias são vistas aí como responsáveis pelo fortalecimento delas – apesar de agora serem os adultos aqueles que se acredita terem mais a perder, uma vez que a habilidade das crianças com a tecnologia lhes oferece acesso a novas formas de cultura e comunicação que em grande parte escapam do controle dos pais.” (p.18)
 
“As mídias eletrônicas têm um papel cada vez mais significativo na definição das experiências culturais da infância contemporânea. Não há mais como excluir as crianças dessas mídias e das coisas que elas representam, nem como confiná-las a materiais que adultos julguem bons para elas. A tentativa de proteger as crianças restringindo o acesso às mídias está destinada ao fracasso. Ao contrário, precisamos prestar muito mais atenção em como preparar as crianças para lidar com estas experiências, e ao fazê-lo, temos de parar de defini-las simplesmente em termos do que lhes falta.” (p.32)

Na Parte I do livro, contendo o Capítulo 2 “A morte da infância” e Capítulo 3 “A geração eletrônica” ele descreve detalhadamente (revisão literária) e contra-argumenta sobre as duas visões ‘antagônicas’ essencialistas da relação infância e mídias eletrônicas, com semelhanças entre si.

Parte II

No Capítulo 4 – Infância em Mudança, Buckingham fala das relações e mudanças entre infância, relacionadas (ou não) às mídias. Ele diz que a relação de espaços públicos e privados alteraram a experiência das crianças.

No Capítulo 5 – Mídias em mudança, Buckingham fala das mudanças das mídias e como isso afeta a criança, transformando a infância em produto. O poder de consumo das crianças passou a ser reconhecido e o mercado voltou-se a este ‘novo’ público em potencial.

No Capítulo 6 – Paradigmas em mudança, o autor traz uma ‘revisão’ de pesquisas que relacionam mídias e crianças, cuidados e equívocos, etc.

Parte III – Capítulos 7, 8 e 9, Buckingham relaciona suas pesquisas com as relações entre crianças e violência, crianças e consumo, além de crianças como cidadãs.

A Conclusão e o capítulo 10, considerei a parte mais importante (e produtiva), já que resume tudo que foi falado no livro e aborda os direitos de mídias das crianças.

Para Buckingham, é preciso “entender a extensão – e as limitações – da competência que as crianças têm de participar do mundo adulto. Em relação às mídias, temos de reconhecer a habilidade que as crianças têm de avaliar as representações daquele mundo disponíveis para elas e identificar o que elas ainda precisam aprender para fazê-lo de forma mais plena e produtiva.” (p.278)

Os direitos das crianças

Buckingham complementa a noção de 3Ps dos direitos das crianças às mídias (provisão – oferta, proteção, participação) com o termo educação. Pois considera a provisão e proteção, direitos passivos, mas a participação, um direito ativo.

Ele defende a importância das crianças também participarem dos critérios e escolhas do que é oferecido para elas, daquilo do que elas são ‘protegidas’.

“As crianças somente se tornarão competentes se forem tratadas como sendo competentes. De fato, é difícil entender como elas podem se tornar competentes para fazer alguma coisa se nunca tiverem a chance de se envolver com aquilo.” (p.283)

Buckingham reivindica que ‘as crianças devem ouvir, ver e expressar a si mesmas, sua cultura, sua linguagem e sua experiência de vida’. (p.285)

O autor diz que garantir a participação depende também do desenvolvimento de habilidades, para que elas possam de fato exercer seu direito de participar. Com isto, ele acrescenta um quarto termo aos 3Ps, a Educação.

“A educação deverá buscar ampliar a participação ativa e informada das crianças na cultura de mídias que as cerca. (...) Mais do que deixar as crianças isoladas em seus encontros com o mundo ‘adulto’ das mídias contemporâneas, precisamos encontrar modos de prepará-las para lidar com ele, participar dele, e se preciso, mudá-lo.” (p.286)

“É preciso haver propostas mais ativas de financiar a produção de materiais a que as crianças realmente queiram assistir, e de habilitar as crianças a produzir esses materiais elas mesmas.” (p.289)

Ele encerra dizendo que “As crianças estão escapando para o grande mundo adulto – um mundo de perigos e oportunidades onde as mídias eletrônicas desempenham um papel cada vez importante. Está acabando a era em que podíamos esperar proteger as crianças desse mundo. Precisamos ter a coragem de prepará-las para lidar com ele, compreendê-lo e ele tornarem-se participantes ativas, por direito próprio.” (p.295)

Para melhor aprofundamento, recomendo ler o livro todo! =) 
Espero que tenham gostado e aproveitado minha síntese! =)

Coleção "No caminho das artes" de Raquel Coelho

 

Recentemente comprei estes dois livros (R$39,90 cada): "A arte da animação" e "A arte dos quadrinhos" da autora brasileira (que reside na Califórnia) Raquel Coelho, voltados para o público infanto-juvenil. Os livros fazem parte da coleção "No caminho das artes" que conta com outros dois livros sobre teatro e música.

Com uma linguagem simples e dinâmica, cheios de 'ilustrações' da 'própria autora', os livros são ótimas opções para trabalhar a história de cada uma destas artes em sala de aula (animação, teatro, música e HQ). Eles também vem com caderno de atividades super bacana, com foco na criação em cada uma das modalidades!! As instruções para construir brinquedos ópticos no caderno de animação é imperdível!

Recomendo super e estou torcendo pela versão específica sobre cinema, já que animação e HQ abordam um pouquinho das técnicas básicas! hehehe =)

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Esboços de Frank Gehry" de Sydney Pollack 2005


Este documentário foi exibido recentemente na semana de atividades do PPGE - UFSC , com a presença da Profª Dra. Marisa Vorraber Costa para discutir a relação 'cultura e pedagogia' e o papel do pesquisador.

Frank Gehry é um arquiteto contemporâneo, que escolheu o amigo Pollack, que não entendia nada de arquitetura e documentário, para contar um pouco sobre a vida e trabalho desse artista fantástico que não entendia nada de cinema. 

De forma clássica, Pollack consegue reunir em imagens, depoimentos, entrevistas, montagem e uma divertida trilha sonora, um pouco da vida de Gehry e seu processo (fantástico) de criação.

Museu Guggenheim Bilbao, em Bilbao, Espanha

A importância de Gehry para esse período de reflexão sobre a pós-modernidade, está na relação das suas obras arquitetônicas com as tecnologias atuais, numa espécie de simbiose beleza&tecnologia, onde elas só poderiam existir através do computador e seus cálculos precisos. Gehry confronta as regras e 'verdades absolutas' da arquitetura com suas criações exóticas, caóticas, orgânicas, narrativas, que desafiam as leis da física.

A partir do documentário, podemos perceber que Gehry sempre teve uma relação próxima com a arte já na infância, onde sua avó sentava com ele e passavam tardes criando cidades e construções com simples blocos de madeira. Foi essa experiência marcante que influenciou sua escolha profissional. De alguma maneira, quando jovem, ao pensar sobre o que queria fazer da vida, ele se lembrava dos blocos de madeira e das tardes com a avó.

Ele também gostava de desenhar com seu pai e um desses desenhos foi elogiado pelo professor e valorizado pela mãe, que acreditavam que um dia ele seria um grande 'arquiteto'. Dito e feito!

E antes de fazer arquitetura, Gehry fez um curso de cerâmica e já nessa experiência se divertia com as formas imprevisíveis que suas criações em argila ganhavam ao sairem do forno. "Uau! Que beleza! Eu fiz isso?!" 
 

Gehry sempre teve uma relação de medo e fascínio por suas obras. São como filhos, que nascem para o mundo e tem vida própria. Aqui lembrei de Barthes e seu texto "A morte do autor", pois nossas criações deixam de ser nossa ao serem compartilhadas com o 'mundo'. Ganham vida e oferecem múltiplas possibilidades de relações e conexões.

Marisa relacionou este medo e fascínio com as pesquisas que fazemos na pós-graduação. Diz que nós 'inventamos e criamos' os problemas que tratamos em nossos trabalhos, eles não existem e apenas os pescamos, mas são criados por nós. Talvez seria melhor dizer que os identificamos num mundo posto, onde estabelecemos relações e conexões. Marisa diz que pesquisa requer paixão, fascínio pelo processo. Somos apaixonados por ela, ou não conseguimos seguir adiante. "Sem tesão, não há solução". 

Somos pesquisadores-artistas, como Gehry, que trabalha com paixão, teme a rejeição, mas segue em frente, diante de críticas, desafios e problemas. 

Assim como Gehry, nós pesquisadores também nos sentimos confusos, perdidos, com medo de não saber o que fazer e por onde começar. O arquiteto diz que isso é apavorante, mas que criar é assumir riscos.

Em certo momento do documentário observamos Gehry e sua equipe criarem uma nova obra. E para ele há o momento de escuta, de silêncio, de observar e buscar em palavras suas inquietações. "Não sei ainda do que não gosto, mas não gosto."

Em relação a sua profissão, Gehry acredita que se uma pessoa tem uma ideia, porque não experimentar? Ele vive o momento, aproveita as ideias dos outros, relaciona qualquer coisa (moda, pintura, escultura, objeto, desejo, história) e isso o inspira a criar algo novo. Ele diz que é quase mágico e isso me fez pensar sobre o 'punctum' de Barthes. O importante exercício de refletir sobre o que nos toca em relação ao outro, seja pessoa, objeto, artefato, som, filme, etc.Gehry diz que 'todo lugar pode servir de inspiração'.


Gehry fala muito sobre a diferença de ser jovem, cheio de sonhos e anseios, e da experiência de envelhecer e perceber que o que fazemos não se reflete no agora e que o trabalho em equipe é de extrema importância. Ele diz que a perfeição não existe ou não pode ser alcançada. Com o tempo, a frustração diminui e relaxar diante da imperfeição, fica mais fácil.

Em sua arquitetura, Gehry procura respeitar o outro e talvez por isso crie coisas tão caóticas. Suas distorções possibilitam que um prédio velho não seja ofuscado, que a vista do mar não seja exclusiva, que as regras possam ser quebradas e as pessoas possam interagir com suas criações, conectarem-se com elas.

Em certo momento do filme compreendemos, assim como diz Tom Wolfe (A palavra pintada), que diante da beleza e inovação de suas obras, teóricos se apressaram em conceituá-las e classificá-las para que pudessem ter o estatuto de arte.

Já outros críticos questionam as criações de Gehry, enquanto espetáculo e marca. Seriam arte mesmo?!

Gehry é um artista do seu tempo, que imprime em suas obras, incluindo as novas tecnologias, o contexto em que vive. Aqui é importante pensar que a tecnologia não cria, mas projeta, permite, possibilita superar. Esta deve ser a postura da educação diante dessa Era das novas tecnologias. Aproveitá-la como uma ponte, como ferramenta fundamental da expressão e criatividade humanas!

Para ele, a satisfação não está no resultado, mas no processo, na possibilidade do esboço. Do fim como um novo começo. 

Marisa diz que em relação à pesquisa, quando terminamos um trabalho é o melhor momento de publicarmos artigos, revisitá-lo. É o momento de maior inspiração.

Ela também acrescenta que todo risco exige coragem, determinação, disposição, pois não é fácil saltar fora da ordem, duvidar, dobrar e subverter as regras. Gehry e nós, assumimos os riscos, mas não sem medos!

Num diálogo de Gehry e Pollack, podemos refletir sobre a relação comercial e artística de confronto dos artefatos e criações humanas, ou ainda, da relação do trabalho com a necessidade financeira e necessidade da expressão da arte, onde os dois reconhecem ser possível encontrar pequenos espaços, seja na arquitetura ou no cinema, seja na Academia, de dizer algo novo, citando algo velho, de mostrar que há outras coisas além das que já se conhece. 

Para que nossas crianças possam produzir arte, buscando articular realização profissional e criatividade, é preciso resgatar as vivências familiares, tão esvaziadas pelas mídias, segundo Marisa. Ao invés de 'medicar', canalizar sua energia excessiva para a criação, onde as novas tecnologias (tv, computador, internet), artefatos do nosso tempo, possam servir de ferramenta e potência de superação.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"Super 8" de J.J. Abrams 2011


Se "A invenção de Hugo Cabret" de Martin Scorsese (2012) é uma homenagem à invenção do cinema, "Super 8" é uma homenagem a grande brincadeira de fazer filmes, quando se é jovem, cheio de sonhos e imaginação!!

J.J. Abrams (criador do fenômeno LOST) se uniu a Steven Spielberg (produtor do filme) para retratar parte da sua vida adolescente na década de 70, quando realizava curtas em Super 8 com seus amigos, e onde iniciou sua carreira no cinema, já como editor, aos 14 anos, após ganhar um pequeno prêmio de curtas Super 8, sendo convidado por Spielberg para editar curtas que ele também havia realizado na adolescência.


Abrams uniu a vontade de falar de si no passado, através de um grupo de adolescentes criativos e realizadores de vídeos 'amadores'; com um empolgante e 'sinistro' acidente de trem, envolto num ar de mistério adolescente; além de seres estranhos e adultos-vilões para criar "Super 8", que conta com um elenco mirim inédito (a maioria nunca havia atuado). Impossível não lembrar de "Goonies" e as peripécias adolescentes dos personagens em nossa doce infância da década de 80 e 90!!  

 Personagens de "Goonies"                    Personagens de "Super 8"  

O bacana do filme é entender como funciona a mente criativa de uma criança e adolescente, a partir do envolvimento entre os personagens, além da organização e disciplina que apresentam na hora de expressar sua criatividade. Nos créditos finais podemos ver o curta "The case", com ar bem 'artesanal', realizado por Abrams, buscando a expressividade infantil de décadas atrás. 

Seja Spielberg, Abrams ou meus alunos, a ficção científica é sempre o tema principal, onde maquiagens elaboradas e cenas de ação não poderiam faltar! 

 Fotos de alunos da Aula de Cinema em 2009 

Considerando que a criança aprende muitas coisas por imitação, é natural que na hora de se expressar em vídeos, reproduza clichês e histórias hollywoodianas fantásticas (ação&romance), já que é o que realmente as encanta e empolga, quando o pensamento abstrato e a subjetividade ainda estão se desenvolvendo.

Enfim, é um filme bacana para discutir a temática educação & cinema, justamente tema da minha pesquisa de mestrado ainda em andamento. O quê, porquê e como ensinar cinema na escola?!
 
Como professora posso afirmar que trabalhar com cinema em aula envolve organização, disciplina, interesse, criatividade, expressividade, subjetividade, dinâmica, trabalho em equipe, distribuição de funções, produção de materiais e cenários, criação de roteiro, etc e tal. Mas pra quem não é professor, o filme já dá uma boa noção do que seria fazer filmes com poucos recursos e muita vontade, começo de todo grande cineasta!! (Menos é mais!)

Ninguém nasce pronto! Aprender é um processo a longo prazo e quanto mais experimentamos, mais aprendizado nos é oportunizado! =)

Obs.: Recomendo os extras do DVD (making of, entrevistas, etc) e ouvido atento para a trilha sonora sombria, já presente no seriado 'Lost', criação de J.J. Abrams.

Mundo Estranho - Loucuras do Cinema


Já está nas bancas esta edição especial (Março 2012) da 'Revista Mundo Estranho - Loucuras do Cinema'!! Eles compilaram diversas reportagens, antigas e recentes, super curiosas e bizarras sobre cinema.

O bacana é que o projeto gráfico é divertido e dinâmico, o que potencializa a revista como material didático para aulas temáticas de cinema.

Para trabalhar em sala de aula, recomendo as seguintes reportagens:

-Como é a produção de um filme?
-Como é filmada uma cena?
-Como é pós-produção de um filme?
-Como fazer seu próprio filme?
-Como funciona um projeto de cinema?
-Quando surgiu um trailer de cinema?
-O Brasil, segundo Hollywood.
-O mundo em 3D - Sobre Avatar

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"A invenção de Hugo Cabret" de Martin Scorsese 2012

 

Ontem, quinta-feira, dia 23 de fevereiro de 2012, finalmente assisti a mais recente obra do cineasta norte-americano Martin Scorsese, consagrado por seus bons filmes de ação e suspense adulto.

Se me perguntassem qual meu filme favorito antes dessa fantástica experiência, não teria uma resposta precisa, mas hoje posso afimar com absoluta certeza que meu filme favorito é "A invenção de Hugo Cabret". Não pela história em si, mas porque é o primeiro filme que conheço (se não for o único que existe) que verdadeiramente homenageia a invenção do cinema, o pioneiro Georges Méliès, meu grande ídolo e uma parte da história do cinema, conhecida teoricamente como 'O primeiro Cinema', ainda mudo, preto&branco, de curta duração e que transitava entre 'realidade e ficção' (Irmãos Lumière e Georges Méliès) num esquema de 'cinema de atrações'.

Ainda esta semana, um dos meus primeiros alunos de cinema, o talentoso Luís Gustavo, procurou-me no facebook empolgado, contando como se lembrou das nossas aulas ao ver este filme. E do início ao fim da sessão, eu chorei de emoção, fiquei arrepiada e minhas lágrimas se misturavam ao meu sorriso, porque eu estava vendo em imagens parte do que havia estudado na faculdade, tudo que havia estudado para dar aula, que havia narrado e compartilhado com meus alunos da Escola da Ilha e pessoas anônimas que passaram pelos minicursos da SEPEX da UFSC, além do meu marido e amigos, que tenho certeza que lembrarão de mim e da minha empolgação ao falar como o cinema surgiu e como Méliès foi pioneiro em transformar sonhos em filmes!!! Meu marido disse 'O filme me fez lembrar de você e das coisas que você sempre fala do cinema!'.

Baseado no livro infanto-juvenil "A invenção de Hugo Cabret", do autor premiado Brian Selznick, o filme de Scorsese une duas histórias, do personagem fictício Hugo e do personagem da vida real Méliès para fazer uma grande homenagem à invenção do cinema e tornar seu filme uma obra essencial e obrigatória para qualquer estudante de cinema e cinéfilo, interessado em compreender o surgimento do cinema e seus primeiros desdobramentos. É um grande presente à História do Cinema e uma justa homenagem à Georges Méliès, pai dos 'efeitos especiais' e cinema de ficção, sempre beirando ao fantástico em suas histórias lúdicas.


Além de tudo isso, o primeiro filme em 3D de Scorsese confirma o terceiro grande marco da história do cinema, após o som e a cor, pois assim como em outras épocas, ainda há muita resistência (como Chaplin resistiu ao som), porém quando grandes cineastas aderem à uma inovação tecnológica e a exploraram ao máximo, será muito difícil reverter esta nova tendência do cinema. Estamos vivendo o 'futuro' e em breve fazer filmes em 2D será pura escolha estética, assim como já é, quando se faz mudo ou em preto&branco.

Scorsese experimenta o 3D de forma genial, explorando a profundidade de campo de várias maneiras, com elementos se aproximando ou se afastando em relação à câmera, com planos fixos e móveis, favorecendo a sensação de imersão nas cenas, além do bom uso da sobreposição de elementos cênicos, típico do 3D. Os enquadramentos parecem feitos de várias camadas!! Dá vontade de tocar os objetos e andar nos cenários!

A seqüência inicial do filme, quando a câmera desliza na estação e pára diante dos olhos de Hugo, escondidos por trás de um relógio, é maior prova de que o 3D não será passageiro, mas uma técnica que será explorada cada vez mais por mentes brilhantes do cinema. Este é um segundo grande presente, vivenciar uma nova forma de fazer filmes, quando tudo já parece tão desgastado. Scorsese soube explorar e pensar em 3D brilhantemente!


A direção de arte e uso da luz (contraste claro e escuro) reforça a tridimensionalidade e profundidade de campo do filme, mantendo um ar lúdico e fantástico, essencial em filmes infanto-juvenis, e especial quando se homenageia Méliès. Lembrei-me muito dos filmes do cineasta francês Jean-Pierre Jeunet (Delicatessen, O fabuloso destino de Amélie Poulain, Micmacs, etc), que também acredita que o cinema é o mundo da imaginação e dos sonhos.

Hugo (Asa Butterfield) é um jovem inventor, que aprendeu a consertar engrenagens e relógios, com os ofícios do seu pai relojoeiro. O último momento que passam juntos envolve a descoberta de um misterioso autômato, um boneco mecânico, que está quebrado e precisa de consertos. Antes do mistério ser desvendado, o pai de Hugo morre num incêndio e seu tio alcóolatra o leva para estação de trem, seu novo lar.

É neste ambiente, numa Paris de 1930 (ainda que os personagens falem inglês), que Hugo conhece o desanimado e inconformado Papa Georges (Ben Kingsley), dono de uma loja de brinquedos, e sua neta Isabelle (Chloe Moretz), devoradora de livros que nunca foi ao cinema.


Obcecado pelo conserto do autômato, Hugo rouba peças da loja de Mèliès, até ser pego e ter seus pertences retidos pelo velho rabugento. O caderno que carrega contém todas as informações sobre o boneco mecânico, o que deixa papa Georges transtornado. É neste clima de mistério juvenil, que a amizade de Isabelle e Hugo se fortalece e juntos descobrem quem Papa Georges realmente é, o grande pioneiro cineasta Georges Mélies.

Em certo momento do filme, Hugo conversa com Isabelle e acredita que tudo existe por uma razão, que qualquer artefato mecânico nunca contém peças extras, e por isso acredita que cada ser humano tem uma função no mundo, uma vocação, um objetivo. 'Ninguém é uma peça extra!'. Isabelle e Hugo não sabem ao certo qual sua função, mas acreditam que a de papa Georges precisa ser lembrada, pois ele parece tão quebrado quanto o boneco mecânico.

Aí reside a grande mensagem infanto-juvenil do filme: encontrar sua paixão, sua função e vocação. Sentir-se parte do mundo, essencial! Nunca alguém extra e descartável. E se observarmos o ciclo da natureza, tudo realmente cumpre uma função e se transforma! Ninguém é resto ou lixo! E se Méliès estava se sentindo assim, Hugo e Isabelle o ajudam a lembrar-se de quem foi, assim como Scorsese, através de seu filme ajuda-nos a lembrar de como o cinema surgiu e de como Méliès foi importante!!

 'Viagem à lua' de Georges Méliès (1902) 
Meu filme favorito do 'Primeiro Cinema'

O filme é emocionante 'fora de campo', pois me toca no meu lado mais sensível. Sou alguém que acredita nesse cinema da imaginação!!! Nada de discursos políticos ou posturas radicais, apenas entender que o cinema é aquilo que queremos que ele seja para nós, realizadores e espectadores. Ninguém é dono da verdade ou de uma definição específica, pois a experiência do cinema é única e passageira. Os filmes passam e se multiplicam, mas sensações e lembranças de cada experiência é que ficam!!! =)


Mais do que uma história infanto-juvenil, uma mensagem positiva, uma trama misteriosa e lúdica, uma belíssima direção de arte e experiência 3D, ou um ator não tão expressivo, e uma Paris estereotipada, o mais tocante foi ver trechos de filmes de Méliès restaurados em 3D. Foi emocionante ver 'A chegada do trem na estação' e as pessoas se jogando atrás das cadeiras. Ver o primeiro estúdio de cinema, feito de vidro para entrar toda luz possível, e os bastidores dos primeiros filmes do cinema, cenários, figurino, efeitos e peripécias!! "Aqui que inventamos os sonhos!" disse Méliès, o cineasta ilusionista que encantou o mundo com seus filmes fantásticos, pouco lembrados e valorizados! Talvez resida aí a importância de uma aula de cinema, que esclareça que os efeitos especiais começaram muito antes de Star Wars e afins! =)

Ver Hugo foi uma experiência tocante, emocionante e apaixonante, pois homenageia o começo de algo que se tornou minha grande paixão, como realizadora, espectadora e professora, pois mais do que fazer filmes, eu me realizo ensinando a fazer!! O cinema é de todos, e se eu puder ajudar que outros se expressem através dele, estarei fazendo cinema também! =)