Eu me lembro claramente quando anunciaram a abertura de um novo curso de cinema, com licenciatura, lá na Universidade Federal Fluminense - UFF, postado no blog Cineducacao há mais de 1 ano.
E quando fui na SOCINE este ano, lembro de dois professores interessados em experiências com cinema na escola, justamente procurando colaborações dos profissionais que já atuam na área, para pensar na formação da grade de professores e do próprio currículo do novo curso.
Não se pode mais negar a abertura deste novo campo de trabalho para o profissional do cinema, voltado para a educação, na tentativa de suprir uma demanda já existente.
Tenho certeza que será feliz aquele que direcionar seus caminhos para educação, e fico ainda mais feliz de ser uma destas pessoas!!! O que será que o futuro me reserva?!
Seguem mais informações sobre o novo curso!!
Com a responsabilidade em atender as demandas pedagógicas, acadêmicas, sociais e culturais da comunidade, do Estado e do país, o Departamento de Cinema e Vídeo criou a Licenciatura em Cinema e Audiovisual, que já está sendo oferecido no vestibular da UFF (http://www.vestibular.uff.br/2012/) como uma alternativa ao tradicional “curso de Cinema da UFF”, para aqueles que procuram uma formação acadêmica na área do Cinema e do Audiovisual.
Vivemos há pouco mais de um século a sociedade audiovisual, onde a imagem em movimento e o som têm experimentado janelas de diferentes tamanhos e diferentes locais para assistência. A sala de cinema se deslocou para a tela da televisão e mais recentemente para as telas dos computadores e celulares. A indiscutível presença do audiovisual na vida cotidiana tem ampliado a intimidade de todos com a sua linguagem sem que se faça uma reflexão cultural, estética e técnica dos modelos de representação social nos quais se insere essa vasta produção. É nesse contexto que apresentamos para a Universidade Federal Fluminense a proposta de um curso de licenciatura visando a capacitação docente no campo do Cinema e Audiovisual fundamentada na tradição do curso de cinema da UFF que esse ano completa 40 anos.
Acompanhando os esforços da UFF e do MEC, nossa proposta de Licenciatura consiste em um curso noturno, de quatro anos, com a oferta inicial de 21 vagas com uma única entrada por ano, cujo Projeto Pedagógico pode ser acessado no site do Departamento. Entendemos que esta opção trará para os estudos de cinema uma gama de futuros profissionais que hoje encontram severas dificuldades em cursar uma formação diurna. O curso de Licenciatura noturno torna-se também importante na medida em que permitirá que o aluno tenha o dia livre para iniciar suas atividades profissionais nas escolas. Assim, não é negligenciável o fator de inclusão social presente em um curso noturno.
O desejo de abrir as portas do curso de cinema para um curso noturno é antigo. Hoje, graças às ações ligadas ao REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), torna-se possível pensarmos na possibilidade de termos estrutura e pessoal para os laboratórios, biblioteca e secretaria em um terceiro turno. Além disso, a abertura deste curso se insere na política educacional do Governo Federal, de maximização de utilização dos espaços físicos, recursos materiais e infra-estrutura universitária.
Mercado de trabalho para o licenciado
É crescente o número de Escolas Livres de Cinema e Audiovisual. Experiências bem sucedidas como a escola de cinema do Vidigal, ligada ao Grupo Nós do Morro, a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, as oficinas de audiovisual na Maré e na CUFA (Central Única de Favelas), são exemplos da forte demanda por profissionais capacitados na educação e no cinema. Além dessas, existem inúmeras outras iniciativas direcionadas à formação em audiovisual, através de escolas livres, alcançando milhares de alunos em centenas de projetos distribuídos em todo o território nacional. Pesquisa realizada entre 1995 e 2009, registrou 132 entidades no território nacional em 17 estados mais o Distrito Federal com um total de 25.665 alunos atendidos e uma produção de 3.233 vídeos.
Normalmente essas escolas têm funcionado com profissionais formados em cinema ou áreas afins, mas sem formação específica como professor. Uma licenciatura em Cinema e Audiovisual capacitará profissionais para assumir os lugares de ensino nessas escolas e planejar seus cursos.
Também a administração dessas instituições de ensino demanda profissionais especializados, por envolver questões de produção, pedagógicas e acadêmicas. Entendemos também que uma estreita relação com essas escolas será importante para o curso de licenciatura, através de estágios nas diversas áreas que compõem o aprendizado e o ensino de cinema e audiovisual.
Recentemente, projetos para unidades dos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), passaram a incluir oficinas audiovisuais como caminho para a re-inserção social de seus pacientes. Em Niterói, o projeto Alice, prepara o gato tem como proponentes e oficineiros ex-alunos do bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFF. Acreditamos que, com a formação pedagógica que a licenciatura em Cinema e Audiovisual proporcionará, esse mercado pode ser ampliado.
Outro mercado que se abre ao profissional que ingressa no mercado vindo de uma licenciatura em Cinema e Audiovisual, nos moldes que estamos propondo, vem da possibilidade de criar projetos pedagógicos para museus e centros culturais. É crescente a intenção de tais instituições de oferecer eventos que venham a iniciar crianças e adolescentes no mundo das artes e das ciências. Exemplo disso é o Museu da Vida, na Fundação Oswaldo Cruz, que recentemente abriu edital para profissionais do audiovisual que propusessem formas de ensinar para crianças, através da união entre imagem e som, os princípios básicos das ciências naturais.
Da mesma forma, outras ações de política pública como a criação de 1.600 salas de exibição digital, para difusão da produção cinematográfica brasileira através do Projeto Cine Mais Cultura, exige a formação de pessoal qualificado para revitalizar e ampliar os tradicionais Cineclubes, que apontam como princípio básico de atuação a sua vocação educativa para formação de novos públicos. Nesse cenário encontram-se projetos em municípios de 20 mil habitantes até os grandes centros urbanos, dos Territórios da Cidadania até as principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Nas Escolas
Possibilitar à criança e ao adolescente uma cultura audiovisual e cinematográfica está na pauta do dia. Além da presença cada vez mais constante do audiovisual em sala, tramita no congresso o projeto de lei 185/8, de autoria do Senador Cristovam Buarque, que obriga as escolas exibirem filmes nacionais em sala. Mais do que apenas exibir, essa iniciativa propicia o surgimento de um amplo espaço acadêmico para a formação específica acerca da história, da estética e da teoria no cinema e do audiovisual, que é o cerne do projeto de lei e, que está sendo demandada. De certa forma, o Senador vislumbrou algo que há muito é demandado pelas escolas e que outras iniciativa do Governo Federal tem procurado atender com projetos como o TV Escola: a adoção da cultura audiovisual na sala de aula. Assim, esta proposta de licenciatura coaduna-se aos esforços do Governo Federal em fomentar uma melhor formação de professores do ensino médio e, consequentemente, avançar na qualidade do ensino de uma maneira geral.
O projeto Ensino Médio Inovador, também do Governo Federal, apoia dezenas de propostas oriundas das escolas visando a implementação da produção e da exibição audiovisual de maneira a integrar diferentes disciplinas abordando temas transversais, vinculados ao projeto pedagógico de seus currículos regulares. São experiências com cinema de animação, cineclubes, produção de vídeos, entre outros, onde o audiovisual contribui para proporcionar aos alunos ambientes de produção colaborativa e construção de conhecimento em condições de grande interação com os professores.
Outro aspecto importante a destacar é o barateamento das tecnologias ligadas ao audiovisual, que tem permitido às escolas adquirirem meios de exibição e produção com maior facilidade, tanto no espaço público como privado, com participação ativa dos alunos nessa ação. Dessa forma, um curso de Licenciatura em Cinema e Audiovisual abre diversas possibilidades de melhor se formar profissionais que possam utilizar plenamente tanto os filmes quanto os equipamentos, quer na sala de aula quer na sua vida social e profissional.
Espera-se que esse profissional seja também um agente multiplicador dentro da escola ao estabelecer um estreito diálogo com os outros professores sobre o uso do audiovisual na sala de aula, uma vez que a presença do cinema na educação é tema de debate e de iniciativas governamentais no Brasil desde os anos 20, e que nos anos 70 o vídeo chegou a ser visto por alguns como uma ameaça de substituição do professor. Superadas as fases de inovação revolucionária e tecnofobia a maturidade social impõe a necessidade do cinema ir para a escola não somente como texto ou como tema, mas como ato e criação, como uma maneira de formar estética, crítica e sensivelmente.